Leidiane Sabino
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O comandante da Polícia Militar em Votuporanga, Capitão Edson Fávero, apresentou dados sobre a criminalidade em Votuporanga, durante a audiência realizada ontem, às 8h30, na Câmara Municipal. Para ele, a sensação de insegurança gerada na cidade, que motivou a reunião de ontem, acontece pela ampla divulgação dos fatos.
O comandante explicou que os dados numéricos do primeiro quadrimestre deste ano não são piores que do ano passado. “A sensação de que mais crimes ocorrem é porque alguns deles são mais divulgados e estão mais próximos das pessoas que formam opinião. Os crimes estão acontecendo mais nas periferias, onde a Polícia Militar consegue chegar menos. O efetivo não escolher onde fazer o policiamento, porém, passa grande parte do tempo atendendo ocorrências, sem poder fazer o patrulhamento preventivo”.
O crescimento econômico do município também reflete nos índices de violência. “Votuporanga é cidade acelerada, todo mundo tem pressa, todo mundo precisa chegar antes. Com a população economicamente ativa, todo mundo vai de um lugar para o outro a trabalhar, para estudar e em atividade de lazer”.
Para o comandante da Polícia, o tráfico de drogas é um grande problema. “Não pode reclamar de segurança pública quem não cuida do filho. Uso de drogas é um grave problema e isso não é mérito de periferia. É só fazer campana em pontos de tráfico de droga e ver quem vai lá buscar. E criminalidade está diretamente ligada ao uso de entorpecentes. Se o menino furta é para comprar droga. Conseguimos retirar 25 traficantes de circulação e não diminuiu em nada o uso de drogas em nossa cidade”, desabafou.
Fávero destacou que grande parte dos furtos é praticada por adolescentes infratores. “Eles vão continuar fazendo porque são liberados em seguida. A reincidência é muito grande de adolescentes infratores”. Fávero citou a Lei da Fiança, número 12.403, aprovada no ano passado, que estendeu a possibilidade do pagamento de fiança para crimes de até quatro anos de reclusão. Ele explicou ainda o tempo que é gasto com este infrator. “Quando a polícia consegue flagrar uma pessoa furtando, sem ter medo de errar, eu afirmo que ele já praticou o crime de 10 a 12 vezes. Desloco a viatura, levo ele para a delegacia, quando é caso de furto, em seguida é atribuída fiança e ele é colocado em liberdade”.
Além de tudo isso, a polícia também faz a guarda dos presos que ficam em atendimento na Santa Casa. E, com a construção do CDP (Centro de Detenção Provisória em Riolândia), terá que deslocar pelo menos 25 policiais para lá.
E, para que aumente o efetivo da cidade, Fávaro explicou que depende de uma série de fatores, como índice alto de criminalidade e atividade turística, por exemplo.
“Ainda somos forças organizadas e se não está pior, é por isso. O cobertor é curto e a gente trabalha com prioridades. Nos procure e vamos trabalhar juntos nas necessidades da comunidade. Não há ninguém mais compromissado e preocupado com a segurança de vocês que o policial militar”, finalizou.
Dados do primeiro quadrimestre de 2011 / 2012:
Homicídios
2011: 3
2012: 4
Roubos
2011: 41
2012: 30
Roubo de veículos
2011: 2
2012: 1
Furto
2011: 627
2012: 621
Com relação aos índices de criminalidade das cidades por 100 mil habitantes, comparando com cidades parecidas populacionalmente com Votuporanga, como Birigui, Catanduva, São José do Rio Preto e Fernandópolis, somente Birigui tem índice de homicídio maior que Votuporanga; nove por 100 mil em Birigui e oito para cada 100 mil em Votuporanga. “Este dado preocupa sim. Em se tratando dos outros números, as outras cidades estão com índices muitos acima dos nossos”, explicou o comandante.
Os casos de furto e homicídio preocupam muito a Polícia Militar de Votuporanga. “No furto, perdemos para São José do Rio Preto. Fernandópolis tem todos os índices abaixo dos nossos, mas não enfrenta os mesmos problemas que nós e não podemos esquecer que lá há um batalhão da Polícia Militar”, explicou.
No primeiro quadrimestre do ano passado foram registradas 5.710 ocorrências pela PM, esse ano foram 7.902, aumento de 38% de atendimento. No mesmo período do ano passado foram 30 flagrantes, esse ano, 51, 30% de aumento. Pessoas presas no ano passado, conduzidas ao sistema carcerário, foram 45 e esse ano, 104, aumento de 130% de produtividade. Veículos apreendidos, em fiscalização efetiva: 309 em 2011 e 535 em 2012, aumento de 73%. Tráfico de drogas, aumento de 14 para 25 em 2012.
O comandante disse ainda que a polícia acaba fazendo mais trabalho assistencialista que preventivo. Desses 7.902 atendimentos feitos no quadrimestre, 2.500 se transformaram em Boletim de Ocorrência (fatos criminais), as demais são acionamentos por diversas situações. Sendo 35% desses boletins de acidentes de trânsito. “Por qualquer motivo se aciona a PM. A atividade é pouco valorizada, pouco elogiada, mas muito cobrada”.
Fávero disse que a cidade tem em média 65 mil veículos, para uma população de 83 mil habitantes. “Os acidentes são causados por irresponsabilidade, por desrespeito à sinalização e excesso de velocidade. Estou gastando 35% do atendimento com pessoas irresponsáveis”, falou.
Durante a semana, a Polícia faz ronda escolas nos horários de entrada e saída de alunos nas escolas. “Se a viatura não está atendendo acidente de trânsito, está em porta de escola. É ordem expressa estar em porta de escola, de segunda a sexta-feira. São também os horários que mais acontecem acidentes de trânsito. Nos finais de semana, a polícia precisa fiscalizar a Praça São Bento e a avenida do Assary. E se eu não mando a viatura lá, no outro dia está na internet para o mundo todo ver a bagunça. Parte desses índices criminais é realmente indisponibilidade de fazer a minha missão constitucional como polícia que é o policiamento efetivo. Falta cidadania, falta educação”.