Leidiane Sabino
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Maurício Landre, especialista em dependência química pela Uniad-Unifesp, esteve ontem em Votuporanga para ministrar uma palestra sobre drogas e dependência química, evento promovido pela Comunidade de Recuperação Nova Vida em parceira com a Prefeitura, e aproveitou para falar, com exclusividade, ao Jornal A Cidade sobre o assunto.
Há 15 anos, Maurício enfrentou o problema do álcool e também outras drogas, passando por internação na Fazenda do Senhor Jesus, do padre Haroldo Rahm, em Campinas-SP. Identificando-se com o trabalho realizado lá, passou a praticar o programa de recuperação. “Mudei minha vida, renasci no espírito”, contou. Depois disso, ele estudou, investiu na área e tornou-se assistente social e especialista em dependência química. Atuou nos Programas de tratamento como coordenador técnico e assessor técnico da instituição “Padre Haroldo” por um período de 12 anos. Foi diretor executivo do Febract (Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas) e professor.
Atualmente, Maurício é coordenador técnico da Comunidade Terapêutica Fazenda Santa Carlota do Instituto Bairral, em Itapira/SP, e mora em Campinas.
De acordo com Maurício, o consumo de álcool e droga está presente nos três maiores problemas de saúde no Brasil. “Acaba se tornando o maior problema por estar também nos casos de acidentes, criminalidade, violência, abandono de escola, violência doméstica, entre outros”, falou.
Ele contou que em cinco anos, o de crack quadruplicou no Brasil e tornou-se um problema de praticamente todas as cidades do país. O especialista destacou ainda que o álcool é a pior droga do mundo, sendo a maior causa de mortes, tanto em acidentes como sendo causadora de doenças. Além de levar ao uso de outras drogas. “A nossa cultura negligenciou o perigo do álcool nos últimos 30 anos. Festa de batizado e aniversário de criança tem bebida alcoólica. A pinga é a bebida mais forte e mais barata do Brasil. O Estado tem tentado fortalecer as leis que proíbem a venda de bebida para menores, mas outras medidas também precisam ser adotadas”.
Em países como a Escandinávia, um maço de cigarros custa em média 15 dólares, enquanto no Brasil, R$3.
Maurício explicou que álcool e tabaco são as drogas que mais matam no Brasil, superando até mesmo a soma de todas as outras drogas. O Brasil é o único país do mundo, entre os desenvolvidos e em desenvolvimento, onde aumentou o consumo de todas as drogas.
Para Maurício, o governo investe pouco em tratamento e, por isso, as comunidades terapêuticas e clinicas sobrevivem como conseguem e com dificuldades.
Para reduzir a dependência química no país, Maurício disse que toda a sociedade precisa se envolver.
Sobre o Caps AD (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas), ele explicou que o governo disponibiliza para municípios com mais de 200 mil habitantes, porém, cidades como Votuporanga, conscientes do problema, tem buscado a instalação do Caps AD antes de chegar ao número de 200 mil habitantes.
Na foto: Maurício Landre, Antônio Cegana, administrador da Comunidade Nova Vida, e Ademilson Alves Fernandes, presidente da Comunidade