Para a pulverização, o morador precisa afastar todos os móveis da casa e se ausentar por duas horas
Leidiane Sabino
leidiane@acidadevotuporanga.com.br
Muitas pessoas questionam porque não é realizada a pulverização na cidade contra a leishmaniose como forma de prevenção, a explicação dos especialistas é de que este é um processo caro e difícil, sendo oferecido somente na região onde são confirmados casos da doença em humanos. Mesmo assim, das 230 casas que deveriam receber esta pulverização em Votuporanga, apenas 65 famílias liberaram as residências para este controle químico.
Para a pulverização, o morador precisa afastar todos os móveis da casa e se ausentar por aproximadamente duas horas. Dois agentes conseguem atender de três a quatro casas por dia.
Essas informações foram apresentadas aos veterinários, coordenadores e saúde, funcionários relacionados a zoonoses e população em geral de 17 municípios da região, que participaram de uma capacitação promovida pela Secretaria de Saúde de Votuporanga, por meio do Secez (Setor de Controle de Endemias e Zoonoses), às 8h30, sobre o teste rápido de leishmaniose, com palestrantes do Instituto Adolfo Lutz (IAL) de São Paulo, na sede da APM (Associação Paulista de Medicina).
De acordo com o pesquisador, doutor José Eduardo Tolezano, a mesma capacitação foi oferecida também em Jales-SP e São José do Rio Preto-SP, mostrando o funcionamento do teste rápido, que dá uma garantia maior ao resultado do exame. Agora, primeiro é feito o teste rápido e, posteriormente, caso dê positivo, o animal passa por mais um exame (chamado de Elisa) para a confirmação da doença. “Até mesmo municípios ainda não há casos de leishmaniose visceral estão passando por capacitações, para que a equipe de saúde esteja preparada para quando a doença chegar”, disse o pesquisador José Eduardo Tolezano.
O Instituto Adolfo Lutz recebeu 25 mil kits de teste rápido para distribuir aos municípios e deve receber mais 20 mil.
O chefe se seção técnica da Sucen (Superintendência de Controle de Endemias), Nestor Cyriaco Júnior, apresentou a situação epidemiológica da região e disse todos os municípios próximos a Votuporanga devem se preocupar com relação à leishmaniose visceral. “Em 2007, as pessoas pensavam que leishmaniose era coisa de Araçatuba e que não chegaria por aqui. Em 2008, a doença começa a aparecer na região de Jales e Urânia-SP, a partir daí, nos outros municípios próximos. Com o decorrer do tempo, além de casos caninos, passou a ter humanos. Os municípios estão trabalhando, criando equipes de controle, instituindo a eutanásia de cães, mas toda atenção ainda é necessária”.
Nestor disse ainda que o manejo ambiental é o mais importante para a prevenção. “É preciso manter o quintal limpo. Modificar a situação para que o transmissor da leishmaniose não tenha ambiente apropriado para sobreviver”. Ele explicou ainda que as equipes da saúde não gostam de sacrificar animais, mas a eutanásia é preciso, em caso de animal com a doença, por não ter ainda outra solução.
No período vespertino, os participantes da capacitação receberam orientação prática de utilização do teste rápido no Secez.
A leishmaniose é uma doença grave, que atinge homens e cães. O mosquito palha transmite a doença para os cães e assim pode contaminar os moradores da casa. Esse tipo de mosquito só nasce em lugares úmidos, em restos de plantas e frutos ou no lixo. Se o quintal permanecer limpo, com o lixo embalado, o mosquito não nasce.
Em 2011, Votuporanga registrou 19 suspeitas da doença e humanos, cinco casos confirmados e dois óbitos. Em 2012, já são 17 suspeitas e 10 casos positivos em humanos. Nos cães esse número chega a 876, só em 2012, conforme o Secez (Setor de Controle de Endemias e Zoonoses).