São Paulo possui mais de 50% dos seringais do Brasil e a maioria está no noroeste
Leidiane Sabino
leidiane@acidadevotuporanga.com.br
As pesquisas de novas variedades de seringueira em Votuporanga estão projetando o município no cenário internacional. Os clones produzidos rendem látex em um tempo muito mais rápido. Os da série IAC 500 estão sendo registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e em breve estarão disponíveis aos viveiristas e produtores.
A APTA (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios) Noroeste Paulista, em Votuporanga, concentra a maioria dos experimentos da pesquisa em heveicultura no Estado de São Paulo.
Segundo Erivaldo Scaloppi Júnior, pesquisador científico da Apta de Votuporanga, o município foi escolhido por ser estratégico no noroeste paulista. O Estado de São Paulo possui mais de 50% dos seringais do Brasil e a maioria está localizada no noroeste paulista. “Nossa região é responsável por mais da metade de toda a produção nacional de borracha natural”, explicou.
A unidade de Votuporanga possui atualmente mais de 600 clones sob experimentação e também administra uma das maiores coleções de clones de seringueira do Brasil. Os clones selecionados são disponibilizados para os viveiristas para a difusão de tecnologia.
Há várias séries de seringueira em desenvolvimento e avaliação, incluindo clones nacionais, principalmente os IAC e outros oriundos de diferentes instituições internacionais. “Atualmente, a novidade é com relação aos novos clones IAC da série 500, que é 40% mais produtivo que o clone testemunha (clone RRIM 600), na média de quatro anos de avaliação da produção”, contou Scaloppi Júnior.
Scaloppi disse que o clone IAC 505 possibilita iniciar a produção já aos cinco anos, enquanto que no Estado de São Paulo a média é sete anos para entrada das plantas em produção.
Há clones IAC com dupla aptidão, ou seja, para produção de látex e madeira. “Finalizado o ciclo de produção da seringueira, a exploração da madeira é uma realidade, que possibilita renda extra ao produtor. Borracha natural e madeira são matérias-primas essenciais para o desenvolvimento do país”, falou Scaloppi.
Em seringueira, o processo de melhoramento para obtenção de novos clones é longo, em torno de 30 anos. Sobre a série de clones IAC 500, os experimentos iniciaram no final da década de 1980. Até hoje foram mais de 22 anos para a obtenção desses novos clones de seringueira.
Scaloppi contou que o principal objetivo no processo de melhoramento é selecionar e recomendar clones produtivos. Portanto, produção de borracha é o objetivo principal. Também se considera o vigor, que possibilita o rápido crescimento do clone e início mais acelerado da produção de borracha, com consequente retorno econômico antecipado. “Um clone selecionado deve ser vigoroso antes e após o início da sangria, para possibilitar crescente aumento da produção com a idade da planta. Outras características avaliadas durante a pesquisa são: espessura da casca (quanto maior a espessura, menores são as injúrias devido ao processo de sangria), resistência a pragas e doenças e resistência ao vento”, disse.
Toda pesquisa em heveicultura no Estado de São Paulo é coordenada pelo Programa Seringueira (IAC/APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento. Os trabalhos envolvem vários pesquisadores de diferentes unidades de pesquisa e conta com a parceria de universidades e outras instituições no Estado de São Paulo.
O Programa Seringueira disponibiliza uma tabela de recomendação de clones para plantio e diversas outras informações que são encontradas no seguinte site: http://www.iac.br/areasdepesquisa/seringueira/