Durante o encontro Marzochi defendeu a eutanásia nos cães infectados pelo flebótomo
Da Redação
Em visita a Votuporanga, o pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz, Mauro Marzochi, esteve com o veterinário do Secez (Setor de Controle de Endemias e Zoonoses), Élcio Sanches, e enalteceu o trabalho de combate a leishmaniose que está sendo desenvolvido no município. O jornal A Cidade entrevistou com exclusividade Marzochi sobre a doença. Para o especialista, a busca ativa de casa a casa realizada por equipes de agentes de saúde e enfermeiros da Secretaria de Saúde para detectar possíveis casos da doença e orientar os moradores é o grande diferencial.
“Essa ação é fundamental para evitar a alta letalidade, sendo a maneira mais eficaz para se antecipar a um possível surgimento da doença no humano. Geralmente, quando o morador procura pelo serviço de saúde, a doença já se encontra em um estágio mais avançado”. A educação em saúde para tratar sobre o tema é realizada pela Vigilância Epidemiológica de Votuporanga e Secez e, de acordo com Marzochi, também deveria ser preconizada pelo Ministério da Saúde, “o trabalho feito aqui é de fato diferenciado”.
Durante o encontro Marzochi defendeu a eutanásia nos cães infectados pelo flebótomo. “Tratar o animal não resolve, ele sempre continuará como hospedeiro da doença” e ressaltou a presença de galinheiros como o ambiente mais apropriado para a proliferação do mosquito palha.
A eficácia da vacina contra a leishmaniose ainda está sendo estudada e o uso da coleira impregnada com deltametrina continua oferecendo bons resultados como método preventivo.
Origem
Atualmente, a doença vem se proliferando e a maioria das cidades do estado de São Paulo apresenta novas ocorrências. “A leishmaniose visceral chegou em Araçatuba (na década de 1990) através do Mato Grosso”, explicou o especialista. Ele acredita também que em Votuporanga a doença tenha se originado no bairro Estação, local que apresenta a maior concentração de cães infectados, além de abrigar a maior parte da malha ferroviária da cidade. Antes de chegar ao destino, o trem passa por várias regiões do país fazendo carga e descarga de materiais, e nessa passagem os vagões acabam servindo como meio de condução para o mosquito palha.
Votuporanga
Dos 2.916 suspeitos, 512 foram diagnosticados positivos, desses, apenas 5% não apresentaram nenhum tipo de sintoma, segundo informações do veterinário do Secez que afirmou ainda que todo sintoma de leishmaniose em cada animal está sendo devidamente registrado.
Medidas de prevenção
Algumas medidas são essenciais no combate e precisam ser adotadas pela população:
- limpar quintais e retirar permanentemente material orgânico, como frutos, folhas e fezes de animais;
- podar as árvores para propiciar a entrada de raios solares na raiz;
- retirar galinhas e galinheiros da área urbana - fontes de alimento e desenvolvimento do mosquito;
- não deixar cães dentro das casas, principalmente no crepúsculo e à noite;
- colocar coleiras e outros repelentes em cães sadios;
- comunicar a Secretaria de Saúde, em casos suspeitos em cães e humanos.
Sintomas em humanos
Em humanos, os principais sintomas e sinais clínicos da doença são:
- febre irregular de longa duração (mais de 07 dias);
- falta de apetite, emagrecimento e fraqueza;
- barriga inchada (pelo aumento do fígado e do baço, com o passar do tempo).
Sintomas em cães
Embora aparentemente sadio, o cão pode estar doente, uma vez que os sinais clínicos podem demorar a aparecer. Mesmo assim, é importante ficar atento caso o cão apresente sintomas da doença, como:
- apatia;
- lesões de pele;
- queda de pelos (inicialmente ao redor dos olhos e nas orelhas);
- emagrecimento;
- lacrimejamento;
- conjuntivite purulenta;
- crescimento anormal das unhas;
- anemia/aumento dos linfonodos.