Andressa Aoki
andressa@acidadevotuporanga.com.br
A ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) está em fase de pré-operação. O prazo da empresa responsável pela obra termina no final de outubro. A previsão é que entre, efetivamente, em funcionamento até o final deste período.
Votuporanga já possuía a rede coletadora de esgotos em todas as residências, mas faltava fazer o tratamento. Há mais de 40 anos, a cidade despejava o esgoto sem tratamento no Córrego Marinheirinho, o que estava provocando a poluição e contaminação das águas, morte de peixes e assoreamento do córrego e nascentes. Eram cerca de 240 litros despejados por segundo. Para o ser humano, o risco do não tratamento está na propagação de doenças hídricas. Com o tratamento, a estimativa é que em dois anos, o rio se recupere da degradação.
A destinação correta dos efluentes produzidos pela população urbana é um dos assuntos mais discutidos quando se fala em preservação dos recursos hídricos. Em Votuporanga, o tratamento é esperado para recuperar córregos e mananciais da região.
A obra foi inaugurada em novembro de 2010 e, a partir de então, entrou em pré-funcionamento seguindo o cronograma de testes, onde se verifica a estanqueidade das lagoas, sistema preliminar de gradeamento, desarenação e distribuição do sistema.
A obra que tem o valor de R$ 17 milhões e irá colocar Votuporanga entre as poucas cidades brasileiras que coleta e trata seu esgoto. De acordo com a pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apenas 55,2% dos municípios oferecem serviço de coleta de esgoto por rede geral. Em muitos lugares o esgoto continua correndo a céu aberto ou depende de fossas sépticas e rudimentares, valas a céu aberto ou lançamento direto em cursos d'água.
No entanto, para obter condições sanitárias adequadas, não basta só coletar o esgoto, é preciso tratar. “O município tem que cuidar de todo o processo, desde a coleta até o tratamento”, comenta o superintendente da Saev Ambiental, Marcelo Marin Zeitune. Neste sentido, apenas 28,5% dos municípios brasileiros fazem tratamento de seu esgoto.
No Brasil
Tem até capital com índice de saneamento zero. É o que acontece, por exemplo, na capital de Rondônia. Um problema grave que se repete também em cidades muito populosas das maiores regiões metropolitanas do país. O estudo, feito desde 2007 em municípios com mais de 300 mil habitantes, aponta as deficiências.
Em 2009, as 81 maiores cidades do país despejaram a cada dia 5 bilhões de litros de esgoto sem tratamento no meio ambiente. Entre as melhores cidades do país em saneamento estão: Santos, em primeiro lugar, seguido de Uberlândia, Franca, Jundiaí, Curitiba, Ribeirão Preto, Maringá, Sorocaba, Niterói e Londrina. A classificação mostra também as dez piores: Canoas, Jaboatão dos Guararapes, Macapá, Ananindeua, Nova Iguaçu, Belém, São João de Meriti, Belfort Roxo, Duque de Caxias e, em último lugar, a capital de Rondônia, Porto Velho.
A cidade do Rio de Janeiro está bem melhor que a cidade de São Paulo. O Rio tem 75% de saneamento, enquanto São Paulo, 57% de saneamento. Mas as regiões metropolitanas tanto do Rio, quanto de São Paulo são bem ruins. São João de Meriti e Duque de Caxias têm zero de saneamento, Nova Iguaçu tem apenas 1%.