Boceprevir pode oferecer 70% de chances de cura da Hepatite C do genótipo tipo 1; médico esteve em Votuporanga ontem
Da redação
O médico infectologista Fernando Lopes Gonçales Junior esteve ontem em Votuporanga para uma reunião com os profissionais que tratam hepatite C no município. Foram discutidas as propriedades e efeitos colaterais do Boceprevir, um inibidor de protease utilizada para o tratamento da hepatite C genotipo 1.
Fernando Lopes Gonçales Junior participou da fase de testes do medicamento. Segundo ele, aproximadamente 2% dos brasileiros possuem hepatite C. "Para erradicar a doença é preciso oferecer medicamentos eficazes, o que o país tem buscado; e uma vacina, que deve ser disponibilizada em breve".
Um estudo publicado na revista científica The Lancet em agosto de 2010 revelou que o antiviral aumenta a taxa de cura em pacientes que não obtêm resultados satisfatórios com os medicamentos convencionais como Ribavirina e Interferon alfa-2b. O tratamento é feito em terapia tripla medicamentosa, com os medicamentos citados.
O Boceprevir foi aprovado no Brasil pela Anvisa em 25 de julho de 2011, sendo o primeiro inibidor de protease a receber aprovação do órgão regulador no país. O medicamento pode oferecer 70% de chances de cura da Hepatite C do genótipo tipo 1.
A Hepatite C pode ser provocada também pelos genótipos dos tipo 2 e 3 do mesmo vírus.
O Boceprevir é indicado para portadores do genótipo 1 do HCV que nunca foram tratados e para aqueles que não tiveram sucesso com o tratamento disponível até o momento. O novo medicamento deve ser administrado em associação com outros dois medicamentos que já são utilizados no tratamento da Hepatite C, o Interferon e a Ribavirina, para que alcance o resultado esperado.
Ribavirina e Interferon são medicamentos de alto custo, já oferecidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Boceprevir ainda não está disponível para comercialização, porém, o médico acredita que, em breve, ele também seja oferecido gratuitamente.
Ministério da Saúde
A hepatite é uma inflamação do fígado. Pode ser contraída por vírus ou pela ingestão excessiva ou inadequada de medicamentos, de álcool e de drogas. As hepatites virais são mais comuns do que as tóxicas e identificam-se por seus agentes causadores. Os tipos mais conhecidos da doença são: A (HVA), B (HVB), C (HVC), E (HVE) e Delta - esta se desenvolve somente em associação com a hepatite B. As hepatites B, C e Delta podem evoluir para a forma crônica (mais grave), levando alguns portadores à cirrose e ao câncer de fígado. Cada uma das hepatites apresenta sua forma de contágio, prevenção e tratamento.
Os cientistas descobriram o vírus da hepatite C em 1989 e, no início da década de 90, surgiram testes sorológicos que identificam a presença da infecção.
A hepatite C é causada por um vírus transmitido por sangue contaminado. Em circunstâncias raras, ocorre a transmissão por via sexual e a transmissão vertical (da mãe gestante para o filho). Na maioria das vezes, a doença é silenciosa e assintomática e pode ser detectada apenas por exames laboratoriais. Em outros casos, as manifestações da infecção hepática se assemelham aos de uma gripe, como fraqueza e mal estar. Algumas vezes, o doente pode apresentar olhos e pele
amarelados e urina escura.
A doença merece atenção especial dos serviços de saúde e da população porque pode evoluir para a forma crônica. A maioria dos portadores só percebe que está doente anos após a infecção, quando esse processo já ocorreu. Se o vírus não for eliminado pelo sistema de defesa do organismo - o que acontece, em alguns casos - há grandes chances de em 20 ou 30 anos a doença se transformar em uma cirrose e em câncer no fígado. Por isso, o Ministério da Saúde recomenda que todas as pessoas que se submeteram à transfusão de sangue ou transplantes antes de 1993 procurem um serviço de saúde para fazer exame de sangue. Se o diagnóstico for positivo, o paciente será encaminhado para uma unidade de média complexidade para a realização de exames mais especializados e para a biópsia hepática. A partir daí, o portador terá direito ao tratamento oferecido gratuitamente pelo SUS.