Da Redação
Um grupo de colombianos foi recebido na manhã de ontem na Apta (Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio) de Votuporanga. Eles receberam informações sobre os estudos e produção de seringueira no município. Os colombianos, que são do Estado de Meta, chegaram ao Brasil na última terça-feira e visitaram seringais em formação, o Ibilce (Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas) na Unesp, a Apabor (Associação Paulista de Produtores e Beneficiadores de Borracha) - pólo de Pindorama, e uma usina de beneficiamento de Cedral.
Foi firmado um convênio entre as Secretarias de Agricultura de Meta, Colombia, e
São Paulo, Brasil, para a troca de experiência e tecnologia, já que os dois estados possuem características climáticas parecidas. A Colômbia possui poucas áreas em produção, ainda está em fase de implantação da heveicultura.
De acordo com Erivaldo José Scaloppi Júnior, pesquisador científico da Apta, os
colombianos buscam novas tecnologias e aperfeiçoamento na produção de seringueira por meio de cursos e intercâmbios de clones (variedades) da espécie. Esta já é a segunda vez que eles visitam Votuporanga.
"Os colombianos estão muito animados com o que viram no Brasil. Eles devem ainda fazer outras visitas para adquirir mais conhecimentos", disse José Francisco Canuto Benesi, engenheiro agrônomo da Apta.
Carlos Alberto Perez, colombiano produtor de seringueira, contou que Meta possui 10 hectares de plantação de seringueira, sendo 4.800 hectares de sua propriedade.
"Procuramos o Brasil para o contato com universidades e estudos científicos porque estamos iniciando o cultivo da borracha em Meta. Precisamos aprender com quem tem experiência. No Estado de Meta tem apenas cinco anos que começaram a investir fortemente no plantio de seringueira", disse.
Javier Anibar Rojas Parra, secretário de Agricultura e Meta, também estava entre o
grupo. "Desde 2008 nós visitamos o Brasil com a intenção de obter conhecimentos para promover o plantio de seringueira em Meta. Lá, temos um milhão de hectares aptos ao plantio, espaço ocupado hoje pela pecuária, com poucos animais. Visto o grande rendimento proporcionado pela borracha, o governo tem oferecido incentivos e conhecimentos para ampliar o plantio de seringueira na Colômbia. Estamos fazendo aqui um intercâmbio tecnológico e de capacitação. Vamos levar os clones brasileiros para o nosso país", contou.
Apta
Os trabalhos de seringueira da Apta são coordenados pelo Programa Seringueira, do Instituto Agronômico, de Campinas-SP. Votuporanga possui o maior número de experimentos. A Apta tem por objetivo obter e avaliar clones de seringueira. Inclusive, são avaliados clones de outros países.
O clone mais plantado no Brasil é o RRIM 600, da Malásia, ocupando aproximadamente 80% da produção brasileira. A Apta tem desenvolvido os clones das séries IAC 400 e IAC 500, que são mais produtivos e vigorosos. Eles são novos, em fase final de testes e alguns já estão registrados no Ministério da Agricultura e em breve estarão disponíveis para o público. A Apta comercializa as astes de seringueira, de onde saem as mudas.
Seringueira
A seringueira é uma árvore originária da bacia hidrográfica do Rio Amazonas, onde existia em abundância e com exclusividade, características que geraram o extrativismo e o chamado ciclo da borracha, período da história brasileira de muita riqueza e pujança para a região amazônica. A expansão da espécie ocorreu em 1980, mesmo período em que o Estado de São Paulo começou a investir em sua produção.
Atualmente, o Brasil importa 70% da borracha que consome. São produzidas no país 120 mil toneladas por ano e consumidas 360 mil toneladas. O governo federal gasta mais de 1 milhão de dólares por ano com a importação.
Quase 60% da produção de seringueira do Brasil está no Estado de São Paulo, com a média de 60 mil toneladas por ano.
Em termos de benefícios sociais, ambientais e econômicos, a heveicultura destaca: geração de emprego no campo; aumento da renda familiar; e fixação do homem no campo. Dentre os benefícios ambientais estão: proteção do solo contra erosão; recuperação de áreas degradadas; e fixação de gases causadores do efeito estufa.
Os benefícios econômicos são: desenvolvimento econômico local e regional; receita com a venda da borracha; e valorização da terra.