Andressa Aoki
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Por meio do plano de saneamento básico, Votuporanga saberá a demanda futura de 20 anos. Mas o diretor de divisão da Saev Ambiental, Jesus Silva Melo, disse, em entrevista à Rádio Cidade, que não haverá água suficiente para a população daqui a cinco anos. "Estamos com água suficiente para atender a população, mas em cinco anos, não conseguiremos. Os estudos serão acelerados neste sentido", afirmou. Ele explicou que a autarquia utiliza três fontes: poços profundos das zonas sul e norte e do córrego Marinheirinho. "No que se refere a água, vão ser estudados do ponto de vista econômico, quais seriam os próximos investimentos para suprir a demanda da população nos próximos 20 anos. A primeira possibilidade seria mais um poço profundo, a reversão do Córrego Piedade e rio São José dos Dourados", destacou.
O engenheiro lembrou do estudo na década de 70, que sugeria a transposição do rio São José até a cidade. "Forneceria dois metros cúbicos de água por segundo, que seria o dobro do que temos hoje. A água viria por bombeamento. É um projeto caro, que só pode ser feito de tiver sustentabilidade financeira", ressaltou.
Jesus disse ainda que em poços semi-artesianos, a água é retirada do Aquífero Bauru. "É muito pobre em água, não tem vazão suficiente para atendimento industrial ou de uma cidade. Hoje, estamos sobre o Aquífero Guarani, o que nos permitiu perfurar poços profundos das zonas sul e norte, que dão vazões extraordinárias", complementou.
De maneira popular, ele explicou o que é o Aquífero Guarani. "É um mar subterrâneo, com um milhão de quilômetros quadrados. Começa na Serra de Rio Claro até o norte da Argentina e Uruguai. Na nossa região, a contemplação está a 1.400 metros de profundidade. O Aquífero Guarani também corre risco de poluição porque aflora em algumas regiões que já têm agrotóxicos, causando problemas. A preocupação é combater o uso destes produtos onde as minas aparecem como Ribeirão Preto, sul de Goiás", disse.
O engenheiro frisou que o Aquífero será sempre uma das principais fontes de água. "Há algumas restrições. O poço tem que ficar aproximadamente quatro a cinco quilômetros longe um do outro, para que não haja interferência na vazão. Ele consegue se adequar a vazões, porque o armazenamento é constante", enfatizou. Silva Melo pediu para que a população colabore com relação ao uso da água. "Deve ser o mais racional possível. Hoje temos a água, mas para que as futuras possuam, é preciso cuidar do lençol freático alimentado. Você tem que ter 10% de área permeável na casa e contribuir para o enriquecimento para as futuras gerações", concluiu.