Andressa Aoki
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Nos tempos atuais, a palavra sustentabilidade tem ganhado força. Mas muitos não
entendem o seu significado e suas consequências. Para o empresário Ricardo Young, o conceito precisa ser resgatado. "O conceito nasceu de uma comissão criada pelas Nações Unidas em 1987, na publicação "O nosso futuro comum". A sustentabilidade é a capacidade de satisfazer as nossas necessidades sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas. É a solidariedade entre as gerações. A presente tem que ser solidária com as que virão", disse durante o I Fórum de Sustentabilidade Industrial, realizado ontem no Centro de Convenções.
Para falar de solidariedade, ele utilizou o exemplo maternal. "A mãe é tão preocupada com o filho e com o seu futuro que ela passa noites acordadas, fica na fila de hospitais, abre mão das coisas em prol da criança. Para ela, a solidariedade com a futura geração é óbvia, porque deseja um mundo melhor para o filho. O conceito de sustentabilidade já está em nós, mas não percebemos a solidariedade como a mais primária das relações", frisou.
Young destacou que sustentabilidade tem sido atrelada aos desenvolvimentos social, econômico e ambiental, mas que ela também depende de valores. "Passa por economia, mas também pela ética do cuidado. Como a geração pode ser solidária se o número de pessoas irá aumentar 50% do que temos hoje? Se eu quero uma sociedade sustentável, temos que reinventar a forma que vivemos. Não é a toa que a Marina Silva [ex-senadora] falou que este será o novo padrão da sociedade", disse.
O empresário apontou o Ecotudo como uma iniciativa avançada. "Até 10 anos atrás, a gente comprava o celular e a cada dois anos, trocava de aparelho. Deixávamos o velho na gaveta ou jogava fora. Os aparelhos têm componentes químicos e minerais que são raros. Os estoques dos minerais só vão abastecer a indústria por 10 anos. A reciclagem destes componentes é fundamental", frisou.
Ele afirmou que as mudanças de hábito são fundamentais para a sociedade sustentável. "Precisa rever os padrões de consumo, de sucesso e de individualismo que valorizamos tanto. Muda o que consideramos desenvolvimento. Quantas vezes ouvimos que o Brasil será a quinta economia do mundo. O PIB (Produto Interno Bruto) é agregado de todas as atividades econômicas. Se uma pessoa está doente e vai ao hospital, mais presídios, fazem o índice crescer. Ele não mede desenvolvimento", ressaltou.
Young apontou que o Brasil ocupa o 34.º lugar do índice de desigualdade, 60.º no Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos). Ele apresentou indicadores sociais e de âmbito ambiental. "As empresas são forçadas a se tornarem socialmente sustentáveis. Estão fazendo inventário de carbono, porque o mercado está preocupado com o efeito estufa e as indústrias estão sendo cobradas. A Bolsa de Valores já criou o índice de carbono que dsconta nas bolsas das empresas", destacou.
O empresário ressaltou que é preciso reciclar, mudar hábitos e reinventar todos os
materiais de costume. "Uma área que irá crescer é a de inovação tecnológica",
concluiu Ricardo Young.