Andressa Aoki
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Na semana em que os idosos foram o centro da atenção por conta da realização dos XV Jori (Jogos Regionais do Idoso), a saúde da terceira idade foi discutida e
principalmente, o bem estar das pessoas acima de 60 anos.
O especialista em geriatria, Luciano de Oliveira Melo, destacou que o trabalho do
geriatra não é apenas tratar de doenças, mas realizar um trabalho preventivo. "Cada vez mais somos procurados por adultos jovens. São pessoas que estão preocupadas com o envelhecimento saudável, com olhos daqui 20, 30 anos. A mulher não precisa esperar ter osteoporose para repor o cálcio. Cada vez mais adultos procuram, principalmente aqueles que já têm histórico familiar. Alzheimer tem uma relação familiar muito grande. Filhos de paciente de Alzaimer já buscam alternativas para prevenir esta patologia", ressaltou, , em entrevista a Rádio Cidade.
Luciano apontou que o que mais interfere na qualidade de vida, é o fator muito mais emocional do que o físico. "Atualmente, temos a preocupação de ver o idoso como um todo. São vários fatores que associados, vem desencadear o processo depressivo. Não só hormonais, mas principalmente a solidão, aposentadoria, que favorecem este processo. Quando a gente vê o Jori, fica satisfeito porque sabe que aquele público específico que participa dos Jogos, está mantendo a sua saúde", disse.
O médico ressaltou que a população mundial vem envelhecendo rapidamente. "Para se ter uma ideia, no Brasil, quase 10% da população é idoso. Isso em pouco tempo, aumenta muito mais. Com este envelhecimento populacional, surgem com mais frequências as doenças que eram consideradas raras. Destas, podemos considerar Alzheimer que está crescendo muito, depressão, Mal de Parkinson e insônia", afirmou.
Ele explicou que Alzheimer é neuro-degenerativa. "Os neurônios vão se degenerando com o passar dos anos. Depende da pessoa, mas pode ser mais rápido para alguns e mais lento para outros. A doença na fase inicial, se caracteriza pelos esquecimentos, às vezes, discretos como as repetições. O paciente que repete a mesma história várias vezes, até chegar no ponto que ele se perde na rua. A doença é relacionada ao envelhecimento, é muito raro acontecer antes dos 60 anos. Alteração de memória e em uma parte já avançada, com agitações e agressividade", destacou.
Na doença de Alzheimer, não existe medicamento preventivo. "Estudos mostram que palavras cruzadas é um exercício excelente para memória e também leitura com reflexão. Leia e feche tentando relembrar o que foi dito, qual a sua opinião. É preciso estimular o cérebro", enfatizou.
O processo de envelhecimento traz alteração na memória, mas não os esquecimentos. "Tem uma diminuição da velocidade da memória. A gente leva mais tempo para relembrar. Por exemplo, temos um conhecido há 40 anos, cruzamos na rua e a gente cumprimenta, mas não lembra o nome. Chega na outra esquina e lembra o nome. Isso é uma falha normal de esquecimento. Nem toda alteração de memória é Alzheimer", afirmou.
Sobre a insônia, o geriatra frisou que o idoso tem que ter sono de 7 a 8 horas por
noite. "O que modifica é que o idoso tem as cochiladas diurnas e interfere na qualidade de sono. Temos que acabar com as cochiladas e adequar o ambiente. Ruídos, temperatura, iluminação interferem na qualidade. Remédios só em último caso e trazem muitos efeitos colaterais. Às vezes, tratamos de dia, algo pra diminuir o estresse porque sabemos que se a tarde for tranquila, o sono vem naturalmente", orientou.
Depressão
Para Luciano, a depressão é a doença do milênio. "Há relação de fatores bioquímicos e sociais. Nos idosos, as questões hormonais também favorecem. A menopausa traz como consequência inclusive a depressão. Na clínica, a gente é procurado mais por mulheres para tratamento de depressão. No entanto, eu não sei até onde isso pode ser estipulado porque são mais as mulheres que procuram o médico", disse.
Parkison
"Assim como a doença de Alzheimer, também é causa degenerativa de neurônios. A doença tem tratamento eficaz. No Alzheimer, o remédio pode às vezes, pode
estabilizar a doença, já o Parkison pode controlar a doença", concluiu.