J.L.Pavam
pavam@acidadevotuporanga.com.br
Os professores da rede municipal de ensino de Votuporanga estiveram reunidos na
tarde de ontem com a maioria dos vereadores para apresentar um desabafo e reivindicar reajuste salarial, valorização profissional e acesso ao projeto de plano de cargos e carreira. Os professores foram recebidos pelos vereadores Meidão Kanso (presidente), Osvaldo Carvalho, Encarnação Manzano, Silvio Carvalho de Souza, José Carlos Leme de Oliveira, Gaspar, Emerson Pereira e Sérgio Adriano Pereira.
As reivindicações foram expostas pelas professoras Nair Gonçalves Faria da Silva,
Silmara Heloisa Fernandes e Maria Luisa de Oliveira Cardoso, representando a classe. Além disso, vários outros falaram de suas dificuldades.
De acordo com Nair, a classe está há dois anos e meio em negociação e até o momento não alcançou em nada do que reivindicou. Relatou que o piso salarial nacional terá um reajuste de 21%, passando de R$ 1.178 para R$ 1.450 e que receberam a informação da Secretaria municipal de Educação que vão passar a ganhar um piso como o nacional. "Uma cidade que preza pela qualidade do ensino vai nos pagar o piso só porque é lei? É isso que merecem os professores que formam cidadãos que serão os formadores de opinião como os senhores (vereadores)? Queremos mais", disse Nair.
Questionou ainda: "Precisamos chegar a este ponto para negociar? Isto muito nos envergonha. De acordo com ela, o índice do Ideb previsto era de 3,6, mas Votuporanga atingiu 6,4, o 70° entre cinco mil municípios. Silmara leu um manifesto/desabafo, que fala da insatisfação dos professores (veja quadro).
Reajuste
Maria Luisa, por sua vez, comentou que a classe está reivindicando 30% de reajuste no valor da hora/aula, mas que recebeu a informação de que será menos de 15%. Segundo elas, atualmente, um professor com nove anos de carreira recebe R$ 1.420 por mês, mas não tem plano de carreira. De acordo com Maria Luisa, havia uma comissão que estava acompanhando a formatação do projeto, porém deixou de ter acesso aos documentos. "O que nos foi dado até agora são coisas parciais, como duas horas de preparo aula. Faz tempo que não temos mais acesso ao projeto que está para os senhores aprovar e queremos, antes disso, ter conhecimento do conteúdo".
Uma outra professora levantou-se e expôs a ferida de muitos. "Há professores da
capital da educação que não têm casa para morar e nem recursos para comprar sequer uma bicicleta para ir até a escola. Todas as campanhas que inventam nós aplicamos na escola e não reclamos, temos prazer em fazer, mas queremos um salário digno com o que fazemos. Nossa categoria trabalha bem e ganha muito mal".
Também comentaram que para alcançar um salário melhor muitos têm que dobrar o
turno, porém, a Prefeitura exige exclusividade. Outra reclamação é com relação ao
número de alunos nas classes. Algumas estão superlotadas. "A creche virou um
depósito de criança. Há muitas crianças e poucas educadoras. Há casos em que as
crianças são trancadas em salas para que possam ser melhor cuidadas", disse uma das participantes da reunião. Uma outra complementou que não há substitutos quando um professor falta e as classes são juntadas, piorando a situação.
Nair acrescentou que o acúmulo de cargos é permitido e aqueles que acumulam não
têm como dar reforço para os alunos. Neste caso, segundo ela, sai prejudicado o
professor que tem apenas um turno, que tem que dar o reforço. "Queremos direitos
iguais; por que uns podem e outros não. Estamos dando um tiro no pé."
Solução
O presidente da Câmara, Meidão Kanso, propôs que fosse formada uma comissão de professores para ir, juntamente com a Comissão de Educação do Legislativo,
composta pelos vereadores Encarnação Manzano, José Carlos e Osvaldo Carvalho, conversar com o prefeito Nasser Marão Filho e com a secretária de Educação, Cultura e Turismo, Eliane Godoi, para discutir uma solução para o problema.
Meidão ainda prometeu que o projeto de plano de cargos e carreira só será votado
após uma audiência pública com os professores, para que eles tenham conhecimento do conteúdo. "É o que eu sempre digo na tribuna: não adianta ter prédio bonito se os professores estão descontentes. Vocês procuraram o lugar certo para fazer as reivindicações", finalizou.
Os vereadores ainda ouviram, em separado, alguns funcionários da Educação que
pensavam que poderiam participar da reunião. A reivindicação é para que recebam
também a premiação dada aos professores com recursos do Fundeb. Silvio Carvalho informou que o prefeito já anunciou que o abono será concedido a todos os funcionários da Educação.