Maria Madalena Moreira, do Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra
Andressa Aoki
andressa@acidadevotuporanga.com.br
A presidente do Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra, Maria Madalena Moreira, utilizou a tribuna da Câmara Municipal ontem para falar sobre o dia 13 de maio, comemorado como Dia Nacional da Luta contra o Racismo e a Abolição da Escravidão no Brasil. Na ocasião, ela levou alunos do projeto Axé Criança - promovido pela Secretaria de Educação, Cultura e Turismo no Distrito de Simonsen, Lar Frei Arnaldo e escola Esmeralda Sanches - para discorrerem sobre a data.
Madalena explicou sobre a lei Áurea. "Foi sancionada em 13 de maio de 1888, depois da lei do Ventre Livre, que libertou crianças nascidas de pais escravos e Lei Saraiva- Cotejipe, que regulava a extinção gradual do elemento servil. Dom Pedro II estava em
viagem, portanto foi assinada por Dona Isabel, princesa e pelo ministro da época,
Rodrigo Augusto da Silva. Foram 85 votos favoráveis e 9 contrários na Câmara Geral (Câmara do Deputados) e um contrário do Senado", disse.
Ela frisou que a lei começou com a resistência com os quilombos, rebeliões nas
senzalas e da primeira tentativa de independência por Quilombo dos Palmares. "As
mulheres negras tiveram um papel fundamental na resistência, líderes, guerreiras,
informantes e organizam alternativas para os negros", destacou.
A presidente do Conselho ressaltou que os negros não aceitaram a condição de
escravizados e foram conquistando aos poucos sua liberdade. "Na época da lei, 5% ainda eram escravos. A lei Áurea foi estratégia para desmobilizar a comunidade negra e contribuir para o processo de industrialização. A população negra não foi indenizada por 3 séculos de escravidão. As senzalas subiram para os morros, nas favelas. Mesmo a lei áurea tenha marcado oficialmente a passagem do negro, da condição a cidadão, não consideramos o dia 13 como liberdade mas como dia de denúncia contra o racismo. Ainda há desigualdade entre negros e brancos. Depois de 123 anos não temos o que comemorar, queremos nossa carteiras de trabalho e melhores condições", emendou.
Madalena disse ainda que o Conselho de Participação conta com o apoio da Câmara Municipal para tornar efetivamente cidadãos votuporanguenses e possam usufruir da Justiça.
Os alunos do projeto falaram sobre o processo de abolição da escravatura. Explicaram que os negros eram transportados em porões de navios negreiros, com péssimas condições do transporte. Muitos morriam e os que sobreviviam, eram tratados de forma desumana. Isso era normal para a maioria, mas havia quem era contra : os abolicionistas. O Estado do Ceará foi o primeiro a decretar a abolição