Zulmira Elisa Vono ressaltou que o atendimento não é apenas a execução de uma tarefa
Andressa Aoki
andressa@acidadevotuporanga.com.br
A gerontóloga Zulmira Elisa Vono esteve em Votuporanga no Dia do Enfermeiro, comemorado ontem. Ela foi a palestrante da noite no auditório da Secretaria da Educação, Cultura e Turismo, com o tema "Cuidado de Enfermagem à Pessoa Idosa, Ética e Inovação".
Em entrevista ao jornal A Cidade, Zulmira deu uma verdadeira aula sobre a profissão e defendeu os cuidados humanizados com as pessoas idosas. "Você precisa conhecer cada fase da vida, que possui características próprias: a infância, a adolescência, a fase adulta e os idosos. Envelhecimento é um processo que vai se acentuando. Ninguém fica velho aos 60 anos. Nos envelhecemos pelos fatores multifatoriais. Se fumou muito, bebeu, se prostituiu, não teve cuidados sexuais, haverá consequências lá na frente. O sedentarismo e os componentes genéticos interferem e muda sua qualidade de vida. Os enfermeiros precisam conhecer quais são estas características e oferecer o que o paciente merece e necessita", afirmou.
Ela destacou que o envelhecimento pode ser classificado como senesciência (que é o natural) e o senilidade (com doença). "Há uma linha tênue que separa os dois. Até que prove o contrário, todas as queixas da terceira idade devem ser investigadas. Por exemplo, se um senhor reclamou que não dormiu à noite, pode haver várias alternativas. Ele pode ter realmente não dormido, pode ter se confundido ou estar com a qualidade de sono ruim. O importante é conversar com a pessoa. Isso que é um cuidado humanizado. Se não houver conversa, cuidados e sim cumprimento de uma tarefa", ressaltou.
Zulmira deu um exemplo de uma coleta de sangue. "Você pode pulsionar uma veia de uma pessoa idosa, colher o material e levar para o laboratório. Mas você também pode conversar, perguntar se já fez o procedimento antes. Entendemos a enfermagem como um triângulo. De um lado há a liberdade de um profissional (de conseguir achar a veia); do outro a sua responsabilidade (que esteja esterilizado, que não cause trauma), mas a vértice é a felicidade tanto do enfermeiro quanto a do paciente", frisou.
A gerontóloga enfatizou que o cuidado humanizado transmite para o paciente, pais,
filhos, vizinhos de forma suave. "Todo mundo se apropria do conhecimento", omplementou.
"A velhice deve ser considerada como mudança. O nosso campo de visão diminui,
assim como a nossa audição. Perde-se a força nas mãos. Isso não é doença. Você pode fazer exercícios para melhorar. É necessário reconhecer os seus limites. A gente não é feito só de corpo, mas de emoções", destacou.
Zulmira afirmou que a população tem o costume de tratar como idosos os avôs e pais. "As gerações estão igualmente envelhecendo. Um usuário de drogas, um alcoólatra também irá envelhecer. Depende de fatores genéticos e do estilo de vida. Uma pessoa que morou a vida toda na área rural terá uma velhice diferente de quem mora no estresse de São Paulo. É preciso envelhecer feliz", concluiu.
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