Jociano Garfolo
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A dona-de-casa Regiane Dias Magalhães, de 35 anos, morta com golpes de faca na última quinta-feira no Jardim Marin, já havia denunciado, por duas vezes, violências cometidas pelo ex-companheiro e principal suspeito do crime, o pedreiro Eduardo Rafael Flores. De acordo com familiares e com a delegada responsável pela DDM (Delegacia de Defesa da Mulher), a vítima já havia registrado um boletim de ocorrência por ameaça e outro por lesão corporal, além de haver uma medida protetiva contra Eduardo.
A delegada Edna Rita de Oliveira Freitas disse em entrevista ao jornal A Cidade que a DDM vinha acompanhando o caso e que já havia um histórico de violência. Segundo ela, o casal terminou um relacionamento de quatro anos, em janeiro do ano passado de uma forma nada amistosa. Eduardo teria proibido que Regiane levasse alguns bens materiais da casa em que moravam e também feito ameaças contra a vida da mulher.
Diante da situação, a vítima registrou o primeiro boletim de ocorrência contra o ex.
Alguns meses depois, em julho, Eduardo voltou a procurar Regiane, só que desta vez, muito mais violento. De acordo com um segundo boletim de ocorrência, registrado na Polícia Civil, ele foi à casa onde ela estava morando querendo reatar o relacionamento e, diante de uma resposta negativa, passou a agredi-la.
Ainda de acordo com a delegada Edna Freitas, a partir da reincidência, foi assinada uma medida protetiva que impedia que Eduardo tivesse qualquer tipo de contato com Regiane, sob o risco de ele ter a prisão preventiva decretada por um juiz de direito Desde então, nenhuma outra ocorrência foi registrada.
No velório, ontem à tarde, uma irmã da vítima, Gislaine, afirmou que ninguém da
família esperava que a situação pudesse chegar a tal ponto. Ela confirmou que Regiane e Eduardo tiveram um relacionamento que não deu certo e que estavam separados havia um ano. "Ocorreram brigas. Ultimamente ele estava muito agressivo. Não imaginava que ia chegar a esse ponto. Ele estava muito problemático, ficou louco", disse a irmã.
Medida protetiva
Segundo a delegada Edna Rita, em casos em que existe violência contra a mulher,
mesmo se forem ameaças, é tomada uma medida protetiva pela Justiça. Para evitar que algo de mal aconteça à vítima, o homem é proibido de se aproximar, com distâncias físicas estipuladas de 300 a 500 metros e também não pode fazer contatos por telefone. A Polícia Militar também fica de sobreaviso sobre a situação e passa a fazer patrulhamentos próximo à casa da mulher.
Em caso de descumprimento, o juiz pode autorizar imediatamente a prisão preventiva do agressor. A delegada afirmou que no caso do homicídio, a prisão preventiva de Eduardo poderia ter sido decretada, se a vítima tivesse denunciado o descumprimento da metida protetiva, o que não ocorreu. Segundo ela, as mulheres devem denunciar os casos de violência e de desobediência dessas medidas, que é o modo correto de evitar que tragédias como a da última quinta-feira se repitam.
Vítima
Regiane Dias Magalhães tinha 35anos, era divorciada. Ela deixa o filho Vinícius
Rodrigues dos Reis, os pais Vanderley Dias Magalhães e Mercedes Favareto, além das irmãs Gislaine, Juliane e o irmão Vanderley. O corpo dela ficou exposto à visitação pública de parentes e amigos e foi sepultado às 17 horas de ontem, no Cemitério Parque Jardins das Flores.
Ocorrência
De acordo com um boletim de ocorrência registrado no Plantão Policial, o Eduardo Rafael Flores confessou que golpeou Regiane com uma faca. Na delegacia, ele disse também que conviveu com a vítima durante sete, e não quatro anos, acrescentando que estavam separados havia poucos dias.
Por volta das 19h20 da última quinta-feira, a vítima, Regiane Dias Magalhães, foi
encontrada por policiais militares na frente da porta da residência dela, com a barriga e o peito abertos por golpes de faca. Testemunhas disseram que instantes antes, ouviram gritos e viram um homem vestindo camiseta amarela e calça jeans, sair correndo da residência. Quando chegaram ao local, encontraram Regiane caída com ferimentos fatais. A unidade de resgate do Corpo de Bombeiros também foi acionada, mas já era tarde.