Da Redação
A leishmaniose visceral é uma doença grave e se não for tratada pode levar a morte com tratamento em torno de 20% a 95% dos casos humanos. As principais vítimas são crianças e idosos, mas a doença também acomete principalmente os cães. O médico veterinário responsável pelo Secez (Setor de Controle de Endemias e Zoonoses) de Votuporanga, Élcio Sanches, afirma que no município já são 83 casos confirmados da doença em cães, “porém, nenhum caso de leishmaniose em humanos foi registrado na cidade”, destaca.
Em 2010 o órgão, que é vinculado à Secretaria Municipal de Saúde, realizou a coleta de sangue de 1.750 cães para serem examinados. Foram obtidos os resultados de 1.435 animais e ainda aguarda-se a resposta de outros 315 exames.
A transmissão da doença em humanos acontece quando a fêmea do mosquito, conhecido como palha ou birigui, pica o cão infectado e, posteriormente, o indivíduo. O veterinário ressalta que algumas recomendações devem ser cumpridas para combater o inseto:
- manter casa e quintal sempre limpos;
- não criar galinhas e porcos em área urbana;
- recolher constantemente folhas de árvores, fezes de animais e restos de madeira, pois esses materiais acumulam umidade e favorecem a criação do mosquito palha;
- embalar o lixo corretamente;
- recolher o lixo dos terrenos baldios perto da casa;
- instalar tela com malha 70 nas portas e janelas de casa;
- evitar que o cão durma dentro da residência, mantê-lo sempre no quintal;
- adotar a posse responsável do animal, não permitindo que o mesmo fique solto nas ruas.
Outras medidas para evitar que o cão seja picado pelo mosquito causador da leishmaniose visceral também são eficazes segundo explica Sanches. “A utilização de coleiras com o princípio ativo de deltametrina 4% e sprays com 65% contribuem com forte ação de repelência sobre o agente transmissor”, enfatiza.
Sintomas
Em humanos, os principais sintomas e sinais clínicos da doença são:
- febre irregular de longa duração (mais de sete dias);
- falta de apetite, emagrecimento e fraqueza;
- barriga inchada (pelo aumento do fígado e do baço, com o passar do tempo).
Embora aparentemente sadio, o cão pode estar doente, uma vez que os sinais clínicos podem demorar a aparecer. Mesmo assim, é importante ficar atento caso o cão apresente sintomas da doença, como:
- apatia;
- lesões de pele;
- queda de pelos; (inicialmente ao redor dos olhos e nas orelhas)
- emagrecimento;
- lacrimejamento;
- conjuntivite purulenta;
- crescimento anormal das unhas;
- anemia/aumento dos linfonodos.
Tratamento
Apesar da gravidade, a leishmaniose visceral tem tratamento para humanos. No caso do tratamento em cães infectados, não há eficácia cientificamente comprovada no Brasil. Além disso, mesmo que os sinais clínicos desapareçam, os animais continuam transmitindo a doença, representando um risco à saúde de humanos e de cães sadios residentes nas proximidades.
Dessa forma, o tratamento de cães foi proibido pela Portaria Interministerial nº 146/2008 e a realização da eutanásia é a única alternativa disponível para que esses cães deixem de representar um risco à saúde pública - ao manter o ciclo de transmissão da leishmaniose visceral. “O tratamento dos animais infectados pelo mosquito palha é ilegal”, diz o veterinário. Investigar os casos suspeitos de leishmaniose visceral humana e garantir o diagnóstico e tratamento adequado dos casos é dever do município. Por isso é necessário permitir o acesso de agentes sanitários em domicílios, para exames dos cães e recolhimento dos que estiverem
doentes.
Hábitos e Características
O inseto é conhecido por apresentar características peculiares com cor castanha ou amarela e o corpo coberto por pêlos. Ele costuma picar à partir do pôr do sol até à madrugada. As larvas do mosquito palha se criam na terra, em materiais em decomposição e locais sombrios com vegetação.
Procedimento e Inspeção
Os exames são feitos pelo IAL - Instituto Adolpho Lutz de São José do Rio Preto. Para a confirmação de cada caso de leishmaniose visceral em cães, o procedimento deve ser realizado três vezes.
Em Votuporanga, as áreas a serem inspecionadas pelas equipes do Secez, para a coleta de sangue dos cães são apontadas pelo IAL de São Paulo e os grupos são direcionados, inclusive, conforme a identificação de novos casos da doença.
Para mais informações sobre a doença ou para notificar casos suspeitos de leishmaniose visceral pelo telefone (17) 3405-9787 - ramal 9716 ou 9786.
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