Mioria dos casos estavam concentrados na Vila América, seguindo em direção ao Matarazzo
Da Redação
Votuporanga registrou ontem o primeiro caso de leishmaniose visceral na área central a cidade. Segundo o médico veterinário do Secez (Setor de Controle de Endemias e Zoonoses), Élcio Sanches, os casos estavam concentrados na Vila América, seguindo em direção ao bairro Matarazzo.
O município possui, até o momento, 86 casos de cães com leishmaniose. "Desde julho do ano passado, os casos estão sendo computados. Antes não havia registro da doença", emendou. Ele explicou que em 2007, o caso era de Três Lagoas, em 2008 de Santa Fé do Sul e em 2009, de Sete Lagoas. "Os animais foram eutanasiados. Até então, não tinha caso em Votuporanga", afirmou ontem, em entrevista ao programa Ronda da Cidade na Rádio Cidade.
Élcio acredita que em alguns anos, o Estado todo deve ser tomado pela doença. "O mosquito se locomove nos animais. O cachorro pode caminhar até 40 quilômetros por dia. Por exemplo, pode ir de Votuporanga a Cardoso e se estiver doente, pode levar o mosquito, procriando na cidade. Álvares Florence já registrou um caso e eu acredito que as cidades da região ainda não descobriram, mas já tem casos", disse. Até o momento, já foram realizados 1700 exames.
O médico veterinário destacou que a doença tem incubação longa de três meses a dois anos. "Ás vezes, alguns que fizeram exames podem estar com a doença, mas ainda não foi identificado. É de díficil controle, mas o Instituto Adolfo Lutz é que está nos orientando de como seguir", afirmou.
A prevenção é feita através de repelentes no animal. "Tem um único produto que tem eficácia contra leishmaniose que é uma coleira com deltametrina 4% que dura até seis meses no animal. Ela custa entre R$ 40 e R$ 60. Já os repelentes têm ação de 15 dias", contou.
Ele afirmou que os donos dos animais devem ter cuidado também com os jardins de suas residências. "O que eu tenho observado bem é que as casas dos cães positivos são as que têm jardim muito grande.O mosquito cria nas fezes dos animais e folhas e frutos apodrecendo", explicou.
Élcio também falou das características do mosquito palha. "Tem entre 0,2 e 0,3
milímetros e é quase imperceptível. O palha é mais clarinho, mas já vi os pretinhos
também. Somente a fêmea que transmite. O que diferencia ele pelos outros, anda
sempre saltitando com as asas pra cima", destacou.
Sintomas
O médico veterinário explicou os sintomas dos animais acometidos com a doença.
"Metade deles não apresentam sintomas, mas o mais comum é o aumento do ganho linfático da coxa do animal. Outro sintoma é o emagrecimento e depois perde o apetite. E lesão de pele, de queda de pelo, além do crescimento das unhas e conjuntivite", alertou.
Ele contou que no Brasil, o tratamento é probido por lei e crime contra saúde pública. "Existe o tratamento clínico, mas o animal é portador a vida toda e transmite e precisa de isolamento. Ele pode criar resistência ao medicamento", disse.
Élcio afirmou que o gato é raro apresentar leishmaniose. "É uma doença comum dos cães, a leishmania evolui dentro do organismo do cão. Se um humano for contaminado pelo mosquito e o mosquito picar outro, não transmite. O mosquito gosta de sugar sangue da galinha, mas não transmite. É um hospedeiro acidental", concluiu. (AA)