Da Redação
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária definiu ontem que os remédios emagrecedores permanecem no mercado por tempo indeterminado. Os inibidores de apetite foram retirados do mercado em países da União Européia e nos Estados Unidos, motivando assim a discussão sobre a venda dos emagrecedores no Brasil.
A proibição da venda dos remédios dietilpropiona (anfepramona), femproporex, mazindol e sibutramina foi recomendada à Anvisa pela Câmara Técnica de Medicamentos (Cateme), grupo de consultores da agência. Em um relatório de 90 páginas, técnicos listam vários riscos dos remédios e colocam em dúvida a eficácia dessas drogas. Assim em desacordo com o pedido, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia apresentou argumentos e críticas fazendo que a agência adiasse a decisão para estudar o caso.
A endocrinologista Gracielly de Souza Pantano, em entrevista ao jornal A Cidade, explicou que o uso do medicamento é individualizado. Segundo ela, a droga contribui em percentual importante no tratamento da obesidade. "Apenas 5% dos casos dão resultados sem o uso da droga. Com a medicação, a chance do indivíduo conseguir vencer a obesidade quase dobra", disse.
A opção primordial ao tratamento da obesidade é o regime para emagrecer e a mudança do estilo de vida. Exercícios físicos devem ser incluídos no dia a dia e o controle da alimentação é o primeiro passo para perder peso.
A especialista frisa a importância do tratamento individualizado da doença. Segundo ela, cada caso dever ser analisado e o medicamento deve ser implantado somente quando o novo estilo de vida não responder ao tratamento ou se a resposta for insatisfatória. "O que corresponde à maioria dos casos, infelizmente", disse Gracielly.
Nos países onde o medicamento foi proibido não houve discussões, segundo ela os médicos foram contrários mas não tiveram oportunidade de apresentar argumentos. Já no Brasil, os protestos foram relevantes na decisão em adiar o prazo.
Durante a audiência pública realizada ontem para discutir o assunto, policiais fizeram a segurança dos diretores da Anvisa que estariam sendo ameaçados. Na ocasião a proposta da agência de proibição foi bombardeada com críticas e argumentos contrários. Depois disso, a Anvisa já não fala mais em um prazo para bater dar o veredito. Antes da reunião, a informação era de que uma resolução seria publicada em março. Todas as dúvidas em relação ao assunto devem ser esclarecidas.
O medicamento pode causar danos a saúde, por este motivo deve preescrito em formulário de receita médica especial de cor azul como todos os medicamentos controlados. Segundo Gracielly, o risco maior é aumento da frequência cardíaca e pressão arterial. As pessoas que apresentam histórico de doenças psiquiátricas também estão classificadas como grupo de risco.
Já os hipertensos e diabéticos que possuem algum outro agravante, como exemplo o colesterol alto, estão proibidos de fazer uso da droga.
O que levou a possiblidade de retirada do mercado foi a facilidade de acesso. Na visão da especialista, a fiscalização da comércio da droga deve ser intensa e a venda deve ser controlada. Ela explica que, a proibição coibiria o uso indevido do medicamento mas prejudicaria o grupo de indivíduos que deveria ter acesso, neste caso os obesos.
Ela salientou que o medicamento existe para tratar a doença e que o mesmo não serve como tratamento estético. "Não pode haver preconceito, se o paciente é obeso ele está se tratando. O remédio não é tratamento de estética nem pílula de beleza", finalizou.
Obesidade
A obesidade é uma doença. O diagnóstico confirma quando o IMC (Índice de Massa Corpórea) supera o número 30, uma vez que está entre 25 e 30, o paciente está em sobrepeso apenas e não doente.
Sobre a doença, a endocrinologista Gracielly de Souza Pantano explica, cada caso deve ser tratato individualmente, pois a obesidade acarreta outras doenças que podem levar a morte.
A doença é fator de risco para uma série de distúrbios como: hipertensão arterial; doenças cardiovasculares (ou do coração); hipercolesterolemia (índice de colesterol alto); doenças cérebro-vasculares; diminuição de HDL ("colesterol bom"); diabetes; câncer; intolerância à glicose e, insônia. (VC)
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