Andressa Aoki
andressa@acidadevotuporanga.com.br
O criador da Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica) e engenheiro aeronáutico Ozires Silva sabe bem o que é empreendedorismo e fazer o sonho se tornar realidade. Mas ele mesmo admite que até conquistar o objetivo, há entraves. "O governo brasileiro é muito hostil para os empreendimentos. Eu já fui ministro da Infraestrutura e no ministério eu percebia perfeitamente a hostilidade e a ojeriza do funcionário público, sobretudo federal, com relação ao empresário.
Era como se fosse dizer: "Ele quer lucro". Eles [servidores] não ficam bravos quando têm prejuízo, mas quando têm lucro, está ganhando o dinheiro. O dinheiro é fundamental para a sociedade, mas eu insisto que tem que ser usado para geração de riquezas", disse em entrevista coletiva, realizada ontem no Centro de Convenções.
Ele destacou que para o investidor é preciso sonhar. "Sonhar de fazer alguma coisa e lutar para fazer com que este sonho se torne realidade", emendou.
O palestrante também falou sobre a administração de empresas entre pais e filhos. "É um fenômeno mundial empresas passarem de pais para filhos. Quando você vê uma empresa de aeronáutica, são sempre empresas criadas por sonhos. Cristian Dior, Mitsubishi são nomes que impregnaram as nossas vidas e ficamos ouvindo o tempo inteiro. São de pessoas que passaram para os filhos e que foram progressivamente transformando as empresas como profissional ou familiar. Eu diria que no mundo há mais empresas familiares do que corporativas, controladas
por capitais multiplicados por várias pessoas", afirmou.
Ozires ressaltou que os empreendimentos são como pessoas. "Nascem, vivem e morrem. As árvores não crescem até o céu, chegam em um certo momento a empresa tem que se renovar para se perpetuar. Tem empresa que se perpetua, mas tem aquelas que têm ciclo menor", complementou.
Questionado sobre a possibilidade de uma criação de linha aérea para Votuporanga, o criador da Embraer disse que o brasileiro está voando menos do que poderia. "As empresas áereas, por problemas de mercado, estão voando não mais do que para 140 países e o Brasil tem 5.500 cidades. Se Votuporanga quiser ter uma linha áerea tem que pensar se o habitante de Votuporanga voa. Minha terra natal (Bauru), que sempre teve atividade aeronaútica importante, o melhor aeroclube do interior de São Paulo, não tem. Eu olho para a população e vejo que
vocês não voam. As pessoas não usam, de modo que se o mercado desenvolver, vai acontecer", enfatizou.
Ele também falou sobre sua grande conquista. "A minha experiência mais marcante foi a da Embraer, que hoje é uma empresa mundial. Eu sonhei muito quando eu era menino de fabricar avião no Brasil e eu não sabia como. Nasci em Bauru, em uma família humilde e acabei encontrando um caminho e o sonho virou realidade. Só que tem uma diferença que a realidade é muito maior do que eu sonhei", finalizou.
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