J.L.Pavam
pavam@acidadevotuporanga.com.br
A demora para início da obra da duplicação da rodovia Euclides da Cunha está mobilizando toda a região, para cobrar agilidade do governo do Estado. Diversas lideranças já manifestaram contrariedade e ameaçam fazer uma paralisação, de pelo menos duas horas, na pista, como forma de pressionar o governo para que inicie a obra de fato.
Prometida pelo ex-governador José Serra, ainda em 2009, a duplicação ameaçou sair do papel no ano passado, quando, no dia 16 de setembro, o então governador Alberto Goldman, que era vice e assumiu porque Serra havia se desincompatibilizado para disputar a eleição presidencial, veio a Votuporanga e num ato solene, com a presença de lideranças de toda a região, assinou a ordem de serviço para que as empreiteiras vencedoras das licitações iniciassem a obra.
De lá para cá foi uma sucessão de desculpas e a obra não saiu do papel. Em certo momento, comentam que falta a licença ambiental; depois que ainda há áreas a serem desapropriadas. As empreiteiras também sofrem com a indecisão governamental. Alugam espaço para instalar o canteiro de obras e, em face da demora da liberação, acabam dispensando.
As câmaras municipais da região, ainda que timidamente, estão se mobilizando, por iniciativa do presidente do Legislativo votuporanguense, Mehde Meidão Slaiman Kanso. Ele já obteve a adesão dos presidentes das câmaras de Fernandópolis, Creusa Nossa, e de Jales, Claudir Aranda, que por sua vez, estão tentando aglutinar outras câmaras. Na próxima terça-feira, acontece a segunda reunião entre as câmaras da região pelo início imediato da duplicação e volta da velocidade de até 100 km/h para veículos de passeio, que foi reduzida para 80 km. O encontro será na Câmara de Fernandópolis, a partir das 16 horas.
Para Meidão, se a pressão pelos meios pacíficos não resolver nada, o jeito será fazer um protesto, paralisando a rodovia, por pelo menos duas horas. A mesma opinião tem o presidente da Frente Nacional da Produção (FNP), Liberato Rocha Caldeira, diretor da Coonfederação Nacional dos Municípios e ex-prefeito de Valentim Gentil.
Liberato disse que já conversou com os presidentes da AMA (Associação dos Municípios da Araraquarense), Alberto César de Caires — prefeito de Álvares Florence —, e da Amop (Associação dos Municípios do Oeste Paulista), Humberto Parini — prefeito de Jales. De acordo com ele, os dois teriam manifestado total apoio à ideia de paralisar a rodovia. "E eu proponho que seja no dia 15 de fevereiro, uma terça-feira. Faríamos um movimento no trevo da Euclides da Cunha com a Péricles Belini, onde já fizemos uma vez acompanhando os produtores rurais", diz Liberato.
"Muitos prefeitos e lideranças deveriam tomar uma posição e não se manifestam. É hora de partir pro pau e usar a força que têm, não dá mais para ficar passando a mão na cabeça do governo. Estão nos fazendo de palhaços e empurrando com a barriga", revolta-se o presidente da FNP. Para ele, não é concebível a redução da velocidade e a colocação de placas em toda as pista com os dizeres "homens trabalhando" e não há nada de concreto. "Apenas os radares estão funcionando muito bem, num total desrespeito ao cidadão, uma indústria de multas", critica.
Liberato conseguiu, junto à Polícia Rodoviária, um levantamento de acidentes e vítimas. Em 2007, foram registrados 560 acidentes, com 581 feridos e 30 mortos. Em 2008, o número de acidentes subiu para 584, mas os feridos foram 377, entretanto, morreram 35 pessoas. Já em 2009, ocorreram 673 acidentes, com 505 feridos e 42 mortos. "Falta ainda o balanço de 2010, mas ainda nesta semana a Polícia Rodoviária deverá me liberar, porém, eu acredito que o número de mortos deva ser ainda maior. Não dá mais ficarmos vendo tanta gente morrer por negligência e comodismo do governo".
O deputado estadual eleito, Carlão Pignatari, afirmou esta semana, conforme divulgou o jornal A Cidade, na edição de ontem, que não há a menor possibilidade de as obras de duplicação da Euclides da Cunha não serem realizadas. Ele disse que esteve em São Paulo reunido com diversos órgãos do Governo do Estado cobrando explicações sobre o início das obras. Tanto o DER (Departamento de Estradas de Rodagem) quanto a Secretaria de Transportes garantiram que a obra será executada em toda sua extensão.
Segundo as informações que ele obteve junto aos órgãos competentes, todo o processo da obra está em andamento e sairá conforme anunciado pelo governo. "O que houve, na verdade, foi um atraso no pedido de licenciamento da obra. Faz parte do processo burocrático o cumprimento de alguns critérios técnicos, mas a população pode ficar tranquila que a obra será realizada", garante Carlão.
A reportagem também manteve contato com uma fonte ligada às empreiteiras vencedoras da licitação e obteve a infromação de que a duplicação ainda não começou porque depende da entrega de projetos executivos e de desapropriações de terras para o início dos trabalhos.
Leia na íntegra a versão online