Encontro internacional de famílias contou com a participação de vários especialistas ligados ao ambiente familiar
Da Redação
A psicóloga Márcia Maria participou de um encontro internacional de famílias, ocorrido em Roma, no período de 22 a 26 de outubro. Participantes de vários países discutiram sobre os desafios encontrados pelas famílias hoje. "Através de temas, debates, discussões em grupos, diálogos interativos, num clima de organização, entusiasmo tivemos a possibilidade de trocas fundamentadas, aprendizado para nossa vida pessoal e profissional, enfim foram dias intensos de estudo, reflexão que nos enriquecem e nos estimulam na busca da melhor forma de estarmos em família, pensarmos e atuarmos com as famílias", ressaltou.
O evento contou com a participação de vários especialistas ligados ao ambiente familiar. Uma constatação geral é o crescimento do número de casamentos que se desfazem, só na Itália as separações chegaram a 45%. No mundo todo apenas 5% dos casais, independente de religião, sobrevivem em seus casamentos.
O que leva a este quadro na família? A psicóloga explica que os conflitos são inerentes ao processo evolutivo dos seres humanos. "A relação familiar é complexa, pois cada ser humano é singular em relação a sua história, temperamento, idade, composição genética, etc.", emendou.
Nos diversos relacionamentos, as diferenças individuais quanto às percepções e necessidades emergem, pois cada pessoa forma sua própria percepção e necessidades num determinado momento. "Essas diferenças nos relacionamentos interpessoais tornam-se a base dos conflitos.
As diferenças, comumente, não são percebidas como oportunidades de enriquecimento e acabam sendo usadas de modo destrutivo. Se formos refletir sobre os desafios enfrentados pelas famílias, mesmo os externos, como os sociais, chegaremos ao centro da construção de tais problemas, que é o coração do ser humano", ressaltou.
Márcia Maria afirmou que a sociedade vive em um tempo em que o individualismo se manifesta, talvez como em nenhuma outra época da história. "O que tem implicações evidentes sobre as relações familiares e por consequência, sobre toda sociedade. Dentro do núcleo familiar, os papéis dos pais e dos filhos estão conflitivos, gerando insegurança no modo de ser e agir de cada um e uma espécie de solidão característica do nosso tempo: solidão acompanhada. Atendo pessoas que relatam se sentirem só mesmo em uma festa com centenas de pessoas", complementou.
Ela enfatizou que distante de toda essa realidade a família continua sendo o lugar privilegiado de cuidados, aprendizado dos afetos, construção de identidades, da consciência, de pertença a este mundo e da necessidade que cada um tem em deixar nele sua contribuição. "É necessário para a família estar continuamente restaurando, recomeçando e alimentando suas relações entre si e com o mundo. Seus membros necessitam antes de tudo viver a solidariedade mútua e, juntos, ajudarem aos que estão fora dela e muitas vezes à margem da sociedade. Para viver uma experiência verdadeira de estabilidade neste tempo de grandes instabilidades, a família precisa de uma reeducação contra o individualismo pessoal e o fechamento grupal.", disse.
"Assim como na sociedade como um todo, os membros de cada família podem começar a enfrentar os desafios de hoje aceitando uns aos outros como são ou como estão naquele momento, acolhendo-se mutuamente em qualquer circunstância, contribuindo para que o outro se torne uma pessoa melhor. Há momentos também que outros membros da família necessitam destas ações, assim como aqueles que, embora não sejam parentes no sentido biológico, são "nossa família" no sentido humano e espiritual", finalizou.
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