Creas possui o programa "Mulher vítima de violência" desde maio e oferece atendimento para vítimas
Andressa Aoki
andressa@acidadevotuporanga.com.br
De maio a novembro, foram registrados 281 boletins de ocorrência envolvendo violência a mulher em Votuporanga. Destes, 108 têm como autores os companheiros e 74, ex-maridos.
Os dados foram divulgados pelo Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social), que possui o programa "Mulher vítima de violência" desde maio. A ação visa atender vítimas de violência e seus familiares.
A psicóloga do Creas, Pollyana Alcoba Torres, explicou como são feitos esses atendimentos. "A gente trabalha para o fortalecimento do vínculo, elevar a autoestima das vítimas. Na maioria dos casos, fazemos o acolhimento, porque elas estão muito fragilizadas, com dependência emocional e financeira", afirmou.
Pollyana disse que uma característica comum nas famílias atendidas é o casamento instável. "Os maridos são agressivos e fazem uso de bebida alcoólica, quando não são usuários de drogas. O motivo principal é ciúmes excessivo", destacou.
A coordenadora do Creas, Iara Rosane da Costa Rufato, faz uma ressalva sobre a relação de álcool com a violência. "É um fator que interfere, mas não é o principal. O agressor mesmo sem beber, ele bate na esposa", alertou.
Pollyana explicou também que os casos atendidos pelo Centro de Referência envolvem violências físicas, psicológicas e ameaças. "Mas também tem casos em que as mulheres fazem relações sexuais forçadas", disse.
A psicológa também traçou o perfil do agressor. "Eles não assumem ou colocam a culpa que a esposa é violenta e que estimulou a agressão", emendou. Ela ressaltou que os atendidos terão reuniões mensais. "O nosso intuito é montar um grupo para fortalecer o laço familiar para que a violência não volte a acontecer", enfatizou.
Iara, por sua vez, afirmou que a quantidade de boletins de ocorrência registrados por mês é pequena, comparada ao número de mulheres que são violentadas. "Elas só fazem denúncia depois de anos de agressão, porque acreditam que foi apenas uma vez e que o marido vai mudar de postura", emendou.
Para a coordenadora do Centro de Referência da mulher da Estância Turística de Embu, Luciana Rosa Campos, a violência é fruto da desigualdade. "O papel de gêneros foi atribuído socialmente. Mas ainda conhecemos pessoas que entendem que mulheres são submissas", finalizou.
Dados
Segundo estudos, de cada 10 homicídios vitimando mulheres, sete são praticados por homens que possuem vínculo emocional como marido, irmão, noivo e pai. Quase 1/3 das brasileiras já sofreram alguma agressão. A Fundação Perseu/Abramo divulgou uma pesquisa que revela que 2,1 milhões de mulheres sofrem espancamentos por ano. A cada 15 segundos, uma é agredida no país.
Autoridades
A criação do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher foi a tônica dos pronunciamentos da mesa principal, durante a cerimônia de abertura da programação alusiva à comemoração do “Dia Internacional do Combate a Violência contra a Mulher”, ontem, no Espaço Saúde Unifev.
O novo órgão foi festejado pela Coordenadora do Creas, Iara Rosane da Costa Rufato, pelo Presidente da Câmara, Osvaldo Carvalho, e pelo Secretário da Assistência Social, Osmair Ferrari.
A delegada do 1° Distrito, Edna Rita de Oliveira Freitas, também fez parte da mesa principal, ao lado do 2° tenente Franciele Bento.
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