Bispos da região criticam braço da CNBB que prega voto contrário à candidata petista à Presidência
J.L.Pavam
pavam@acidadevotuporanga.com.br
Um panfleto assinado por um braço da CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil) recomendando que fiéis contrários à legalização do aborto não votem no PT vem sendo distribuído após as missas em várias localidades. Em Votuporanga, algumas igrejas também distribuiram o documento aos fiéis, porém, dizem que cabe ao eleitor decidir qual o melhor candidato. A carta, chamado de “Apelo a todos os brasileiros e brasileiras”, atribui posições pró-aborto ao PT, ao governo federal e, apesar de não citá-los nominalmente, ao presidente Lula e à presidenciável Dilma Rousseff.
Trata-se do mesmo panfleto que já havia circulado entre fiéis durante o primeiro turno e no dia das eleições. O texto é assinado pelos bispos da Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, responsável pelo Estado de São Paulo.
O jornal Diário da Região, de São José do Rio Preto, publicou reportagem na terça-feira, na qual traz a posição dos bispos de Rio Preto, dom Paulo Mendes Peixoto, e de Jales, dom Demétrio Valentini. Ambos criticaram duramente a posição do Conselho Regional Sul 1 da CNBB.
Na carta, a Regional 1 da CNBB, que congrega as oito arquidioceses do Estado de São Paulo, diz que Dilma defende o aborto e pede aos católicos que “votem somente em candidatos ou candidatas e partidos contrários à descriminalização do aborto”.
Dom Demétrio afirmou à reportagem que “isso é expressão de um grupinho de gente, que pode até ser de comissão de alguma pastoral, ou infelizmente até recomendação de uma regional, que se equivocou recomendando um texto eivado de preconceitos”. O bispo de Jales acrescenta que a carta gerou um desconforto muito grande dentro da cúpula da CNBB.
Por sua vez, o bispo de Rio Preto, dom Paulo, diz que a carta foi uma “atitude totalmente indevida” que excluiu a “possibilidade do voto livre dos católicos.” Para ele, houve uma marca negativa e até destoante com a orientação geral da Igreja. "Desta vez o nosso Regional Sul 1 citou nomes, que foi interpretado como decisão da CNBB, excluindo a possibilidade do voto livre dos católicos. Entramos em colisão com uma orientação que foi sempre firme proclamada pela Igreja. Vejo ter sido uma atitude totalmente indevida”, disse dom Paulo.
A distribuição de milhares de cópias da carta nas paróquias irritou dom Paulo, que não foi comunicado de que o material seria entregue aos fiéis. Dom Paulo desautorizou a distribuição do material nas paróquias e considera que o assunto não pode ser debatido sob a contaminação de paixões eleitorais.
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