Em média são contabilizados 150 atendimentos de violência física, psicológica e negligência
Andressa Aoki
O Creas (Centro de Referência Especializada de Assistência Social) também atende crianças e adolescentes. "Dentro do índice dos atendimentos, nós temos em média 150 atendimentos de violência física, psicológica e negligência; em média de 89 vítimas de violência sexual e várias crianças que estão em situação de trabalho infantil, que é uma violação que as pessoas não consideram como violação", explicou a assistente social e coordenadora do Creas, Iara Rosane da Costa Rufato.
Ela destacou que o trabalho infantil é uma questão polêmica. "Ninguém está falando que o adolescente não tem que trabalhar, mas deve atuar de forma segura, correta, tendo as mesmas garantias que qualquer adolescente. Temos casos de menores que trabalham com serviços domésticos, horta e na agricultura. O Estatuto prevê que acima de 14 anos. Ele não é proibido trabalhar, mas exercer função no molde de aprendiz. As empresas tem uma porcentagem para contratar, existem cursos no Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) de adequar-se a este tipo de trabalho", ressaltou.
A coordenadora frisou que a maioria dos casos é de abuso sexual e não exploração. "A segunda é pouco denunciada, porque culturamente a gente acha que uma adolescente de 13 anos vende o seu corpo, porque ela quer. Mas isso é considerado pela lei exploração sexual. Então esta denúncia não chega para a gente. Ninguém avalia que uma menina que está mantendo relação começou antes dos 13 e é considerado estupro pressumido, ela não tem direito de querer. Ela pode ter sido vítima de abuso sexual antes disso e isso se transformou em algo aceitável", afirmou.
Iara ressaltou que geralmente, o abuso ocorre dentro da família. "Este ano, o índice teve uma mudança. Geralmente é de um conhecido, alguém que tem proximidade e que no jogo de sedução vai vitimar a criança seja em uma relação ou mostrar filme pornográfico", enfatizou.
O trabalho do Creas é realizar um acompanhamento psicossocial para dar valorização da auto- estima. "Eles vão se afastando do convívio e reforçar o conceito da família de como lidar com o ocorrido. Ás vezes, por muitos anos de abuso, ela tem uma patalogia e vai precisar de acompanhamento psiquiátrico, quando encaminhamos para a área da saúde e continuamos atendendo a parte psicossocial", emendou.
Os desafios do Centro de Referência são muitos. "O abuso intrafamiliar é difícil de ser rompido porque o segredo da família é muito grande, é um tabu. Nos casos que não é violência sexual, mas negligência, é difícil a família aderir porque ela é agressora, na maioria dos casos. Se a família não mudar, a criança também não vai porque é reflexo da família", finalizou.
Leia na íntegra a versão online