Andressa Aoki
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O pesquisador da Apta (Agência Paulista de Tecnoligia de Agronegócios) Regional Colina, Gustavo Rezende Siqueira, foi o palestrante do minicurso de silagem. O evento foi realizado ontem, na Câmara Municipal e promovido por integrantes do Programa Mapa/Pisa (Projeto Integrado de Sistemas Agropecuários em Microbacias Hidrográficas), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, existente em seis estados brasileiros, com apoio do Comitê Técnico Gestor de Votuporanga.
A silagem é o produto resultante de um processo de anaerobiose, isto é, na ausência de oxigênio, por acidificação do material verde vegetal. A silagem de milho tem o objetivo de suprir fibra de qualidade e energia aos animais. Proteína bruta pode ser facilmente suprida por outras fontes de nutrientes.
Gustavo destacou que o preço das commodities cai a cada ano e que a redução é uma tendência. "A única solução é fazer bem feito. A silagem, quando colhida no momento certo, o custo é menor. O animal para produzir mais, precisa de comida de qualidade. Não se pode investir apenas em genética, existe o tripé genética, nutrição e saúde", afirmou.
Ele disse ainda que de acordo com uma pesquisa, em que foram selecionadas algumas fazendas de milho e soja, a produção chegava a 80% do que poderia ser colhido. Já com relação a pecuária, os números variaram de 30% (para carne) a 50% (para leite). "Os agricultores possuem a produção aquém do que poderiam. Alguns deles ainda acreditam que pastagem não é cultura. É preciso remanejá-la de maneira adequada", ressaltou. Complementou dizendo que em uma experiência na sua Apta, o gado se alimentando com pasto e sal mineral, engordou 1 quilo e 100 gramas por dia. "A área foi corrigida, fizemos o sistema integrado", falou.
O pesquisador enfatizou que o ano de 2010 é de seca e que a comida para gado vai acabar. "Estamos falando de algo que não é novo, os egípcios já realizavam silagem porque sabiam que em uma época do ano, faltaria alimentos. Também não se pode deixar o ruminante com ração o ano inteiro", frisou.
Gustavo orientou que os agricultores precisam estar atentos com relação a perda no processo. "É preciso conversar com os motoristas dos tratores para que não derrube as linhas de milho. Não se pode fazer silagem dentro do escritório, mas tem que visitar e acompanhar na lavoura", afirmou. Ele também disse que é aconselhável fazer rotação das áreas de silagem, porque a compactação do solo é alto.
O agrônomo Waldo Alejandro Ruben Lara Cabezas, pesquisador da Apta (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios) de Votuporanga, destacou que a silagem pode ajudar no projeto Pisa (Programa de Produção Integrada de Sistemas Agropecuários em Microbacias Hidrográficas).
Dificuldades
Ronaldo Trecenti, da Campos Consultoria de Brasília (que atende o Ministério da Agricultura e do Abastecimento) destacou que as dificuldades do projeto "Integração Lavoura-Pecuária- Floresta” devem ser enfrentadas. "São problemas envolvendo mercado e a intensificação de produção", disse. A técnica alia cultivos agrícolas com criação animal e manejo de espécies florestais, permitindo diversificação da produção e incremento na renda das famílias rurais.
Ele lembrou o trabalho realizado com a Cati em 1999, quando um grupo foi à Brasília, para trabalhar sobre plantio direto. "Em São Paulo, eram 50 mil hectares. Mas através da motivação realizada, eles abraçaram a causa e hoje são mais de 1 milhão de hectares. Foi criado, inclusive, o Feasp, que é um fundo de financiamento para aquisição de máquinas para pequenas propriedades", afirmou.
O consultor ressaltou que hoje o produtor não tira dinheiro do bolso. "Ele tem pelo menos, duas linhas de crédito. A Produza, tem R$ 1 bilhão para os agricultores do projeto "Integração Lavoura-Pecuária-Floresta” com juros baixos, e frente de R$ 400 mil por CPF. Já o Programa Agricultura de Baixo Carbono possui R$ 2 bilhões, sendo R$ 1 bilhão do BNDES e outro do Banco do Brasil, que oferece até R$ 1 milhão por CPF", finalizou.
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