Doença faz candidato do PMDB desistir de concorrer ao Senado pelo Estado de São Paulo
O ex-governador de São Paulo Orestes Quércia confirmou oficialmente no início da tarde de ontem, que não irá concorrer ao Senado pelo Estado pelo PMDB. Em carta de renúncia lida pelo vice-presidente do PMDB paulista, deputado estadual Jorge Caruso, Quércia afirma ter tomado a decisão para se dedicar ao tratamento de um câncer na próstata. A decisão foi tomada em reunião nesta manhã no Hospital Sírio Libanês, onde peemedebista está internado desde que constatou a volta do tumor, que havia sido tratado há mais de uma década.
"Comunico com a dificuldade que é comunicar essa decisão, tomada em conjunto com minha mulher e meus filhos de renunciar à minha candidatura ao Senado", diz a carta, escrita de próprio punho. No texto, Quércia anuncia que o PMDB passará a apoiar integralmente a outra candidatura da coligação Unidos por São Paulo (PMDB, PSDB, DEM, PPS, PHS, PMN, PSC), de Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), ao Senado. "Agora me afasto e me concentro no tratamento médico que me espera, de maneira a estar de volta, recuperado, em breve. E, ao me afastar, peço-lhe o apoio ao Aloysio Nunes Ferreira."
Com a manobra, o tempo de propaganda de Aloysio no rádio e na TV praticamente dobrará, passando de pouco mais de dois minutos e meio para cerca de cinco minutos. Andréa Quércia, filha do ex-governador, reforçou o caráter familiar da decisão. "Não houve recomendação médica nenhuma para que ele saísse da campanha, foi uma decisão conjunta da família", disse.
De acordo com o advogado de Quércia Ricardo Porto, não haverá tempo para a retirada do nome do ex-governador da cédula eleitoral. Portanto, os votos depositados em nome de Quércia, serão anulados.
47 anos na política
Quércia desiste de uma eleição depois de 47 anos de vida pública. Foi vereador, prefeito, deputado estadual, senador, vice-governador e governador de São Paulo. Desde 1990, no entanto, acumula seguidas derrotas eleitorais. Foi eleito pela primeira vez em 1963, como vereador em Campinas pelo Partido Libertador (PL). Ajudou a fundar o MDB, após o golpe de Estado de 1964. No PMDB, fez dobradinha com Ulysses Guimarães e elegeu-se deputado estadual. Em 1968, chegou à Prefeitura de Campinas.
Em 1974, Quércia foi eleito senador, desbancando Carvalho Pinto, da Arena, então favorito ao cargo e apoiado pela ditadura. Em 1982, chegou ao Palácio dos
Bandeirantes como vice-governador de Franco Montoro. Criou a Frente Municipalista Nacional pelas Diretas e Constituinte. Em 1986, foi eleito para o governo de São Paulo, no auge de sua carreira política. Quatro anos depois, fez o sucessor, Luiz Antonio Fleury. Foi candidato à Presidência da República e ficou em quarto lugar.
De lá para cá, passou a ter mais influência nos bastidores, com controle de parte do PMDB paulista e das empresas das quais tinha participação, como emissoras de rádio e jornais. Tentou voltar ao Palácio dos Bandeirantes em 2006, mas amargou a terceira colocação, com menos de 10% dos votos. Em 2008, apoiou a candidatura de Gilberto Kassab (DEM) à Prefeitura de São Paulo, que conseguiu a reeleição.
Neste ano, desafiou o comando nacional do partido e seu adversário na disputa interna, Michel Temer (PMDB), e deu apoio e palanque a Geraldo Alckmin e José
Serra, ambos do PSDB, para disputar o Senado. A volta de uma doença que parecia ter sido curada há dez anos, no entanto, o tirou da disputa.
Aloysio
Com o candidato tucano ao Senado Aloysio Nunes Ferreira à frente, o PSDB tenta herdar a estrutura de campanha e eleitorado de Orestes Quércia (PMDB) na disputa em São Paulo. O ex-governador paulista desistiu ontem de concorrer ao Senado para se tratar de um tumor na próstata.
Os tucanos tentam manter cautela em relação ao caso, mas nos bastidores avaliam que a desistência de Quércia irá ajudar Aloysio Nunes. Ex-secretário da Casa Civil de José Serra no governo de São Paulo e atual deputado federal, Aloysio aparece até então em quinto lugar nas pesquisas eleitorais.
“Perdemos com a desistência do Quércia, mas temos a certeza de que o grupo dele vai garantir a vitória do Aloysio, ajudar a candidatura do Geraldo Alckmin no governo de São Paulo e do Serra na Presidência”, disse Sérgio Guerra, presidente nacional do PSDB e coordenador da campanha de Serra no País.
Subsecretário da Casa Civil e um dos braços direitos de Aloysio no governo de São Paulo, João Faustino afirma que a saída de Quércia da disputa “é um gesto de maturidade política”. “A desistência dele e o apoio ao PSDB consolidam a posição do Aloysio”, disse Faustino. “Nosso grupo permanecerá forte”, completou.
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