Da Redação
O total de queimadas no Brasil, acumulado até terça-feira, era de 30.857, 94% acima do registrado no mesmo período de 2009, quando chegou a 15.831, diz relatório do Instituto nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O total de 2010 é o maior desde 2007, ano em que haviam sido registrados, até 17 de agosto, 59.000 focos. Este ano também registra o primeiro aumento porcentual no volume de queimadas, depois das quedas vistas em 2008 (-64%) e 2009 (-24%).
Em relação ao dia 16, o número de focos de incêndios acumulado havia aumentado 100% na comparação com o mesmo período de 2009. O Inpe registrava, na data, 30.825 focos de incêndios em todo o Brasil, o dobro de 2009, quando foram registrados 15.228 focos.
Na região de Votuporanga, nos últimos 30 dias foram registradas três grandes ueimadas, que atingiram canaviais, reservas florestais e pastagens. A última foi próxima a Álvares Florence, cujo incêndio destruiu mais 300 hectares de vegetação, um prejuízo enorme ao meio ambiente. Além de queimar a vegetação, muitos animais silvestres morrem carbonizados ou asfixiados pela fumaça.
Nesse incêndio, também foram registradas a morte de bovinos que não conseguiram fugir do fogo que se alastrou pelas pastagens, e o prejuízo atingiu também plantações de cana-de-açucar, ainda com mudas pequenas, além dos problemas causados pela fumaça, que levada pelo vento atingiu o centro de Votuporanga, trazendo as cinzas e prejudicando a respiração das pessoas.
O coordenador do Monitoramento de Queimadas do Inpe, Alberto Setzer, disse que 2010 está sendo um ano muito mais seco do que 2009, com temperaturas mais altas, umidade relativa do ar mais baixa e sem chuvas, o que facilita o uso e a propagação do fogo.
Além da questão climática, Setzer disse que o aumento expressivo dos focos de queimadas de um ano para o outro também se deve à dinâmica do setor agropecuário e ao período eleitoral.
Na avaliação do pesquisador, o momento econômico favorável à expansão dos rebanhos e das áreas agrícolas leva ao aumento do uso de fogo pelos produtores rurais, para abrir pastagem e limpar a terra para o cultivo. Com a estiagem e a vegetação seca, o risco de perder o controle da queimada é quase inevitável. Já o período eleitoral influenciaria na fiscalização.