Andressa Aoki
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A quantidade de produtores rurais no auditório da Casa da Agricultura demonstrava a importância da seringueira em Votuporanga e região. Somados, os pés de seringueira dos agricultores que estavam presentes na reunião, chegam a 374.500, sendo 132.100 em produção nos municípios de Votuporanga, Parisi, Nhandeara, Palmeira d´Oeste, Cardoso, Sebastianópolis do Sul, Álvares Florence e Cosmorama. Cultura em expansão na cidade e que busca representação. Ontem à tarde, eles decidiram criar uma associação e para tal, uma comissão foi criada para discutir o estatuto da entidade, principalmente a sua abrangência.
O chefe da Casa da Agricultura, Ricardo Gomes, destacou que a iniciativa é pioneira na região. "Na primeira reunião, conversamos sobre a formação de uma entidade. Queremos avançar na cadeia produtiva", afirmou.
Rute Bernardo Pinto, do ICA (Instituto de Cooperativismo e Associativismo) da Secretaria da Agricultura de São Paulo, contou que em Fernandópolis há um grupo que pretende também se organizar em grupo. "As associações aumentam o volume de produtos, o que acaba tornando viável a negociação com as indústrias, que preferem buscar uma quantidade maior do que isolada de um produtor", disse. Ela explicou a diferença de associação e de cooperativa. "A primeira é uma forma mais simples de organização. É representativa e não possui fins lucrativos, a sua pessoa jurídica não possui, mas os seus associados sim. O que for negociado é com a
nota do agricultor. Já a cooperativa é mais complexa, que tem fins econômicos e ao contrário da associação que não tem uma quantidade mínima de pessoas para ser criada, precisa de no mínimo 20 cooperados. Ela também possui um capital social em que cada um colabora", ressaltou.
O presidente da Aprobon (Associação dos Produtores de Borracha Natural de Santana da Ponte Pensa), Luis Peregrini, falou sobre suas experiências com a entidade que já existe desde 2002 e que em 2005 foi formalizada. "Quando se cria uma associação não há nada a perder, somente a ganhar. Na nossa região, o IEA (Instituto de Economia Agrícola) apontou que vendíamos a preço menor. Em Nipoã, por exemplo, pagavam R$ 1,54 e para a gente, somente R$ 1,07. Tivemos muitas dificuldades, mas logo na primeira negociação, obtivemos vantagem", disse.
Peregrini afirmou ainda que empresas não gostam de associações e tentam separar o grupo. "Vocês têm que fazer um contrato estipulado das pneumáticas, o que acaba com brigas em empresas. Votuporanga tem Coacavo (Cooperativa do Agronegócio e Armazenagem de Votuporanga), o frigorífico foi montado por produtores, estão no lugar certo e estão melhores do que quando começamos", frisou. Rute emendou que existem políticas governamentais voltadas para associações.
O chefe da Casa da Agricultura explicou sobre o plano de negócio que pode render até R$ 800 mil para cada entidade. Além disso, o gerente do Banco do Brasil, Fernando Abreu, falou sobre o CPR (Célula de Produto Rural). "Estou lutando para incluir a borracha como commodity na bolsa mercantil e no mercado futuro. O objetivo é entrar com a proposta, estabelecer o teto e antecipar a produção à vista para que o produtor possa gastar com insumos. Também tem o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) Agroindústria, que oferece juros de 2% ao ano", explicou.
O secretário de Desenvolvimento Econômico, Diogo Mendes Vicentini, destacou que é preciso liderança. "Criaremos uma diretoria, negociadores para conversar com empresas. Se as indústrias disserem que os produtores recebem mais sem associação, eles vão ficar sozinhos", alertou. Também na reunião os agricultores sugeriram dois nomes: Associação dos Produtores Rurais de Votuporanga e Região de Borracha e Norobor (Associação de produtores rurais de borracha da região noroeste paulista). A assembleia geral para a criação da entidade será no
próximo dia 8.