O Ministério da Fazenda ganhou a batalha para manter o reajuste do seguro-desemprego com base apenas na variação da inflação.
Em votação realizada nesta quinta-feira pelos integrantes do Codefat (Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador), o governo derrotou por 9 votos a 7 a proposta defendida pelos trabalhadores de retomar a política de ajuste em vigor até o ano passado, que garantia um aumento real para o valor do benefício.
O próprio ministro Manoel Dias (Trabalho) chegou a defender a suspensão da regra implementada por seu antecessor (Brizola Neto) no início deste ano, como mostrou a Folha em meados de julho.
Dias queria retomar o mecanismo de reajuste aplicado ao salário mínimo, que garante a alta do INPC (Índice de Preços ao Consumidor) mais a variação da taxa de crescimento da economia de dois anos antes.
Diante da resistência da Fazenda, o ministro do Trabalho chegou a propor que a regra atual fosse mantida no primeiro semestre deste ano. A regra anterior só voltaria a valer a partir de julho. Na reunião desta quinta-feira, a Fazenda tentou retirar de pauta essa proposta. Não conseguiu, mas na votação derrotou a proposta dos trabalhadores.
O próprio representante do ministério do Trabalho votou com a Fazenda. Segundo Sérgio Luiz Leite, representante da Força Sindical no encontro, o governo "jogou pesado, ligou para os conselheiros e botou pressão". Com isso, na avaliação do sindicalista, conseguiu reverter até o apoio do empresariado à proposta.
O Codefat é composto por seis representantes dos trabalhadores, seis do governo e seis de entidades empresariais. Na votação encerrada no início da tarde, duas associações de empresários não compareceram. Dos presentes, três votaram com o governo e um com os trabalhadores, segundo relatos do representante da Força Sindical.
Apesar da derrota, os representantes dos trabalhadores querem voltar a discutir a questão em setembro, quando o Codefat deve ter novo encontro. "Mesmo se for para perder, queremos manter essa discussão em pauta", disse Sérgio Leite.
Segundo ele, o Codefat ainda terá que se manifestar se a regra atual de reajuste será mantida também em 2014. A partir de agora, a presidência do FAT (Fundo de Amparo a o Trabalhador), que é rotativa, está nas mãos dos trabalhadores. Até a reunião desta quinta-feira, o comando era do governo.