O ex-presidente e senador Itamar Franco (PPS-MG), de 81 anos, morreu na manhã de ontem. Ele estava internado no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, desde o dia 21 de maio para tratar de leucemia. Desde então, ele permanecia licenciado de suas atividades no Senado. Nos últimos dias, o ex-presidente apresentou um quadro de pneumonia grave e precisou ser transferido para a UTI do hospital.
Baiano no registro civil, Itamar se tornou um dos mais destacados e comentados
políticos mineiros das últimas décadas. Para o País, surgiu na eleição presidencial de
1989, como candidato a vice de Fernando Collor de Mello. Terminou por assumir a
Presidência da República após o impeachment do ex-governador alagoano, com quem
vivia às turras.
Mesmo entre os mais críticos, Itamar costumava ser reconhecido pela retidão ética. Igual reconhecimento ele sempre cobrou em relação ao legado da estabilidade do País.
Econômica, com o lançamento do Plano Real durante seu governo, e política, com a transição bem sucedida após o desastroso desfecho da gestão Collor.
Com seu indefectível topete, o ex-presidente também chamou muita atenção pelo
estilo intempestivo, muitas vezes enigmático. Protagonizou situações embaraçosas e embates memoráveis. Se dizia nacionalista e abusava era das referências às
"montanhas de Minas".
Como político, o engenheiro Itamar gostava dos cálculos bem pessoais. Orgulhava-se de ter sido fundador do MDB, posterior PMDB, mas não fazia cerimônia: deixava o partido toda vez que seus interesses eram contrariados.
O ex-presidente também melindrava facilmente e não raro surpreendia aliados com
rompantes de fúria. Atribui-se a Tancredo Neves a frase de que Itamar guardava o
"ódio na geladeira". Em um ponto, porém, detratores e apoiadores concordam: na política, o acaso costumava conspirar a seu favor.