Da Redação
O ministro Antonio Palocci (Casa Civil) entregou na tarde de ontem carta à presidenta Dilma Rousseff solicitando o seu afastamento do governo. "O ministro considera que a robusta manifestação do Procurador Geral da República confirma a legalidade e a retidão de suas atividades profissionais no período recente, bem como a inexistência de qualquer fundamento, ainda que mínimo, nas alegações apresentadas sobre sua conduta. Considera, entretanto, que a continuidade do embate político poderia prejudicar suas atribuições no governo. Diante disso, preferiu solicitar seu afastamento", diz nota do ministério.
Palocci coordenou a campanha eleitoral de Dilma à presidência e em seguida assumiu a equipe de transição. É a primeira baixa do alto escalão do governo da presidenta. É a segunda vez que Palocci é afastado do governo depois de se envolver em crises políticas. Em 2006, ele deixou o cargo de ministro da Fazenda do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ,após o escândalo da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa.
Anteontem, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, decidiu arquivar todas as representações, que pediam abertura de inquérito contra Palocci, relacionadas ao fato de seu patrimônio ter aumentado pelo menos 20 vezes de 2006 para 2010, como revelou reportagem da Folha de S. Paulo.
Ele entendeu que não existem indícios concretos da prática de crime nem justa causa para investigar o caso. Em um documento de 37 páginas, Gurgel afirmou que a legislação penal "não tipifica como crime a incompatibilidade entre o patrimônio e a renda declarada".
Segundo o procurador, os partidos de oposição que propuseram as representações não apresentaram documentos que demonstrem a prática de crime.
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) foi convidada para substituir Palocci na Casa Civil. Formada em Direito na Faculdade de Curitiba, a senadora Gleisi Hoffman, de 46 anos, é casada com o ministro Paulo Bernardo. Hoje em seu primeiro mandato eletivo, Gleisi foi secretária de Estado no Mato Grosso do Sul e secretária de Gestão em Londrina. Fez parte da equipe de transição do governo Lula e diretora da Itaipu Binacional. Petista histórica, a senadora iniciou sua carreira política no movimento estudantil, na União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas e Grêmio Estudantil do Cefet na capital paranaense. Também fez parte da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes). Governista radical no Senado, Gleisi apoiou o Código Florestal proposto pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP).