Empresas que comprarem energia elétrica produzida em usina de cana poderão
receber o Selo Verde a partir de agosto. Um protocolo de intenções neste sentido foi assinado ontem entre o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Marcos Jank.
As usinas já produzem energia elétrica a partir da queima do bagaço e da palha de
cana gerando uma energia que é considera “limpa”, pois é renovável e seu processo de produção, segundo a Unica, não emite de gases de efeito estufa.
A ideia do Selo Verde é estimular o comércio dessa energia. Empresas que
comprarem energia das usinas poderão solicitar a certificação. “A certificação é um reconhecimento da bioeletricidade como energia limpa”, afirmou Marcos Jank
Segundo ele, as usinas de cana estão preparadas para produzir uma quantidade de
energia equivalente a três vezes a que será produzida pela Usina Hidrelétrica de Belo Monte. “Temos três usinas de Belo Monte adormecidas. Precisamos despertá-las”.
A assinatura do protocolo de cooperação do Selo Verde foi feita durante a abertura de um congresso sobre etanol, em São Paulo. No evento, o governador assinou também um decreto que desonera os investimentos em bens de capital feitos por usinas paulistas.
Com a mudança, usinas de cana que comprarem máquinas pagarão menos Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
Falta de etanol
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse ontem que podem ocorrer novos problemas de abastecimento de etanol no país. Segundo ele, assim como ocorreu neste ano, pode haver falta do combustível em postos durante a próxima entressafra da cana-de-açúcar, que ocorre nos primeiros meses do ano. Esse problema poderia causar novamente uma alta no preço do produto.
“Este ano, tivemos algumas dificuldades e estamos prevendo para o próximo ano
também algumas dificuldades”, afirmou Lobão, após participar da cerimônia de
abertura de um congresso sobre etanol realizado em São Paulo. “Temos preocupação com a próxima safra.”
Lobão disse que, devido à possibilidade de escassez do etanol, o governo vem
conversando constantemente com empresários do setor sucroalcooleiro para projetar o abastecimento de etanol para o ano que vem. Segundo ele, caso falte combustível, a mistura de etanol na gasolina pode ser reduzida para manter o preço do produto.
“Estamos conversando com os produtores para que tenhamos uma produção maior, evitando a elevação de preços”, disse ele. “Se isso não for possível, reduziremos aquilo que o governo não quer reduzir, que é mistura [de etanol na gasolina], de 25%, para 22%, para 20%.”
Em abril deste ano, durante a entressafra da cana, o governo alterou o percentual
mínimo de álcool misturado à gasolina. A quantidade mínima obrigatória, que variava de 20% e 25%, passou a variar entre 18% e 25%.