Início da safra de cana-de-açúcar deve contribuir para a queda do preço do etanol
Da Redação
O preço do álcool nos postos de gasolina subiu quase 20% desde o mês passado. Em Votuporanga, o litro que era comercializado a R$ 1,96, agora custa R$ 2,19, por este motivo, muitos motooristas trocaram o álcool pela gasolina.
A espectativa de usineiros e ditribuidores é que o preço caia só em maio. O início da safra de cana-de-açúcar deve contribuir para a queda do preço do etanol nos postos de combustível do país. Nesta época de chuva, chamada de entressafra, é quando as usinas diminuem os trabalhos.
A redução dos preços deve ocorrer apesar da queda da produção do combustível
prevista para a próxima safra. Segundo projeções divulgadas ontem, pela União da
Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), o Centro-Sul deve produzir 4,11% menos etanol hidratado nesta safra.
Mesmo assim, serão postos no mercado 17,2 bilhões de litros do combustível. “O
etanol vai ser produzido e vai precisar ser vendido. O preço na bomba vai ter que cair para que o consumidor volte a usar o etanol”, explicou o diretor técnico da Unica, Antonio de Pádua Rodrigues.
O presidente da Unica, Marcos Jank, ratificou as previsões de Padua e disse que a
queda dos preços deve ocorrer em cerca de 45 dias. “O etanol vai ter que voltar a ser competitivo”, afirmou Jank. “Ele deve voltar a custar menos que 70% da gasolina quando a oferta no mercado for suficiente. Isso deve acontecer em maio.”
O vice-presidente executivo do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), Alísio Vaz, também prevê etanol mais barato nos postos a partir de maio. Ele disse, porém, que o preço do combustível deve manter-se competitivo por um período mais curto do ano, devido a redução da oferta do produto.
Essa redução preocupa a Unica. Segundo a entidade, que representa as usinas
responsáveis por 60% do etanol destilado no país, a produção do combustível
compensa cada vez menos para as usinas. Isso porque o álcool compete diretamente com a gasolina, a qual tem seu preço mantido artificialmente baixo pelo governo federal, segundo os usineiros.
Jank disse que, devido a essa situação, as usinas estão investindo mais na produção de açúcar e reduzindo a de álcool. Previsões da Unica apontam, inclusive, o uso cada vez menor do etanol por carros bicombustível, devido a queda na oferta do combustível prevista até 2020.
Para inverter essa tendência, Jank disse que a Unica está negociando com o governo um plano de expansão da cultura da cana no país. Segundo ele, incentivos tributários, linhas de financiamento e outras medidas poderiam estimular os investimentos no setor, que praticamente cessaram após a crise financeira global de 2008. O objetivo é manter o consumo do álcool maior que a gasolina como era anteriormente.