Candidatos apresentaram propostas na reta de chegada, mas evitaram temas polêmicos
Da Redação
Os dois candidatos à Presidência da República, José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) disputam hoje a principal cadeira do Palácio do Planalto. Mas de 130 milhões de eleitores voltam às urnas, no segundo turno, para escolher o novo presidente. Na última sexta-feira, os dois candidatos participaram de debate na TV Globo e evitaram se atacar e, por causa do formato do programa, não abordaram temas polêmicos.
Em desvantagem nas pesquisas, Serra só fez críticas a Dilma e ao governo de forma indireta. Quando questionado sobre o tema corrupção, por exemplo, ele não citou o escândalo que derrubou Erenice Guerra da Casa Civil - em debates anteriores, o tucano sempre ressaltou as ligações entre a ex-ministra e a candidata do PT.
Dilma, que no começo do segundo turno adotou um discurso mais incisivo para barrar a eventual ascensão do adversário, também mudou de tom. No programa de ontem, ela evitou mencionar o tucano e procurou destacar realizações do governo Luiz Inácio Lula da Silva, seu principal cabo eleitoral.
No programa, os candidatos foram sabatinados por eleitores indecisos. Eles responderam a perguntas sobre segurança, saúde, educação e outros temas relacionados ao cotidiano da população. Não houve questões sobre privatizações, pré-sal e legalização do aborto, assuntos que foram destaque na campanha da segunda rodada da eleição.
A respeito da corrupção, Serra destacou que ela chegou a "níveis insuportáveis". Como forma de combater as irregularidades, o candidato destacou a necessidade de fortalecer as instituições fiscalizadoras, como o Tribunal de Contas da União e o Ministério Público. "O exemplo tem de vir de cima. É preciso escolher bem as equipes e ser implacável com quem comete irregularidades, não passar a mão na cabeça", afirmou.
Dilma, na réplica, destacou a atuação da Polícia Federal no combate a casos de corrupção. Também apontou a importância da Controladoria Geral da União, órgão ligado à Presidência, "que foi responsável pela investigação no caso dos sanguessugas" - quadrilha que desviava verbas do Ministério da Saúde.
Em diversos momentos, a petista e o tucano apresentaram discursos convergentes. Ambos, por exemplo, destacaram a necessidade de valorizar os salários dos professores de escolas públicas e de reforçar o Sistema Único de Saúde.
Em relação à segurança pública, Serra defendeu a priorização do combate ao contrabando de armas e drogas. Defendeu ainda a formação de um cadastro nacional de criminosos, para que as forças de segurança dos distintos Estados tenham condições de monitorar a ação de quem cometeu crimes fora de sua área de abrangência.
Dilma afirmou que esse cadastro já existe, e que há iniciativas do governo para ampliar o banco de dados com informações da Justiça e do sistema penitenciário.
Em outro momento, a candidata do PT defendeu de forma enfática a desoneração da folha de pagamentos no País como forma de aumentar a criação e a formalização de empregos no País.
Serra, sobre esse tema, adotou tom mais cauteloso. "Vamos tirar o quê? O Fundo de Garantia, o INSS? Isso tem de ser muito meditado, porque não se pode perder receita."
O tucano criticou a política de saúde do atual governo, mas sem mencionar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Nossa saúde andou para trás, o governo federal encolheu os recursos que empregava", afirmou.
A candidata petista reconheceu a existência de falhas no setor. "Temos problemas sérios de qualidade, e se a gente não reconhecer, não melhora." Ela prometeu criar unidades de pronto- atendimento que funcionem 24 horas por dia para desafogar os hospitais públicos. Em relação às políticas sociais, Serra defendeu a interligação do Bolsa-Família com programas federais como o Saúde da Família. Também apontou a necessidade de investir em ensino profissionalizante e de criar outros estímulos para que as famílias progridam e não dependam da ajuda federal.
Nesse momento, Dilma fez uma crítica indireta ao adversário, ao afirmar que 300 mil famílias pobres em São Paulo não recebem o Bolsa-Família por falta de cadastramento - função que seria do Estado e dos municípios. "Em São Paulo, quem cuida dos pobres é o governo federal."
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