Votuporanga encerrou 2021 com volume de chuva acumulado em 816,53 mm, o menor número dos últimos 22 anos, segundo o Ciiagro
O volume acumulado de chuva no ano passado ficou 32,72% abaixo da média histórica em Votuporanga, segundo dados do Ciiagro (Foto: A Cidade)
Pedro Spadoni
pedro@acidadevotuporanga.com.br
O ano passado acabou chuvoso em Votuporanga – inclusive, dezembro teve o dia em que mais choveu em 2021. Só que, no geral, este foi o ano em que menos choveu no município desde 1999, quando os dados começaram a ser monitorados. É o que revela um levantamento exclusivo do jornal
A Cidade, feito junto aos dados do Ciiagro (Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas).
Votuporanga encerrou 2021 com volume de chuva acumulado em 816,53 mm, enquanto a média histórica – que leva em conta os últimos 22 anos – no município é de 1.213,55 mm. Isso significa que o volume acumulado de chuva no ano passado ficou 32,72% abaixo da média histórica (confira no final da reportagem a lista completa de volume acumulado de chuva desde 1999).
Chuvas
Até então, 2018 era o ano em que tinha chovido menos em Votuporanga desde que os dados começaram a ser monitorados pelo Ciiagro. Nesse ano, o volume acumulado de chuva foi de 991,99 mm.
Já considerando apenas o ano passado, o mês com menor volume de chuva registrado em Votuporanga foi julho, quando o total de precipitação foi de apenas 0,51 mm.
Contexto
O município não foi o único lugar do Brasil em que o total de chuvas ficou abaixo da média. Isso porque o ano passado teve apenas 70% do total de chuva esperado para o Brasil, de acordo com a pesquisadora Ana Ávila, que é meteorologista do Cepagri (Centro de Pesquisas Meteorológicas) da Unicamp.
“Vários fatores contribuíram com essa chuva abaixo da média, entre eles o La Niña, que apesar de ter uma influência mais forte no Sul do país, tem um reflexo com relação às chuvas no Sudeste. E os bloqueios atmosféricos, que são aqueles dias secos”, explicou.
O La Niña ocorre quando os ventos se intensificam e as águas do Oceano Pacífico Equatorial acabam se resfriando. No Brasil, ocorrem chuvas mais abundantes na Amazônia, com aumento na vazão dos rios e enchentes. No Nordeste, isso também significa maior precipitação. No Sul, as temperaturas sobem e há maior ocorrência de secas. No Sudeste e Centro-Oeste, os efeitos são imprevisíveis.
De acordo com a pesquisadora, as chuvas que caíram na reta final do ano, apesar de benéficas, ainda são insuficientes para reverter a crise hídrica. “Para abastecimento, a gente precisa de bastante chuva e a expectativa é de que o verão seja de normal a abaixo da média. Janeiro pode ser chuvoso e a gente espera que seja dentro da normalidade, que é de 270 mm”, explicou.
Previsão
Os meteorologistas preveem que, neste mês, o calor deve ser intenso e as chuvas devem ser isoladas ao longo do verão, que se estende até 20 de março. Apesar de isoladas, as chuvas podem provocar estragos, de acordo com as previsões.
“A região entra agora em um período chuvoso. Dezembro e janeiro é o período quando mais chove nessa região do Estado”, destacou o meteorologista do IPMet (Instituto de Pesquisas Meteorológicas) de Bauru, Fernando de Almeida Tavares.
Apesar da previsão de chuva, a expectativa é que a precipitação continue sendo abaixo da média histórica. “Até o final de março, a região deve ter sol e pancadas de chuva ao decorrer do dia”, acrescentou Tavares.
A oscilação de temperatura deve favorecer a formação de temporais, que podem trazer transtornos para os moradores da região, como alagamentos e quedas de árvores.
Alerta
A Defesa Civil do Estado de São Paulo emitiu um alerta para o risco de chuvas fortes na região de Votuporanga. Segundo o órgão, o risco se estende para até este sábado (8).
Ainda de acordo com a Defesa Civil, a meteorologia aponta para possibilidade de chuvas com acúmulo de até 100 mm. As chuvas podem ser fortes, com possibilidade de raios, ventos e granizos.
Além da região de Votuporanga, o alerta da Defesa Civil vale para as regiões de Barretos, Franca, Campinas, Ribeirão Preto, Araraquara, Sorocaba, Presidente Prudente, Marília e Bauru.
A Defesa Civil orienta para os moradores e comerciantes de ruas e avenidas que acompanham o trajeto de cursos d’água (fundos de vale) não deixem sacos de lixo diretamente no chão e utilizem as lixeiras. "Os sacos de lixo, quando levados pela água, entopem os bueiros, o que facilita a formação de pontos de alagamento", alertou o órgão, em nota.
Outra orientação, está para casos de emergência em temporais, é para que se acione a Defesa Civil pelo telefone 199 ou Corpo de Bombeiros pelo telefone 193.
Volume acumulado de chuva em Votuporanga:
2021: 816,53 mm;
2020: 1.257,50 mm;
2019: 1.180,27 mm;
2018: 991,99 mm;
2017: 1.499,26 mm;
2016: 1.444,80 mm;
2015: 1.366,14 mm;
2014: 1.164,47 mm;
2013: 1.177,42 mm;
2012: 1.348,32 mm;
2011: 1.205,22 mm;
2010: 995,52 mm;
2009: 1.463,55 mm;
2008: 1.198,89 mm;
2007: 1.211,83 mm;
2006: 1.409,75 mm;
2005: 1.289,53 mm;
2004: 1.099,82 mm;
2003: 1.083,33 mm;
2002: 1.105,98 mm;
2001: 1.266,90 mm;
2000: 1.359,40 mm;
1999: 1.105,60 mm.
(Fonte: Ciiagro)