Do entretenimento à produção, pecuaristas relatam ao jornal A Cidade os desafios e particularidades que vivenciam nesta área
Casal dono da Cia. de Rodeio Tércio Miranda e empresário (e pecuarista) Luciano Panzanella comentam sobre o que enfrentam na área (Fotos: xgrowthbrasil e arquivo pessoal)
Pedro Spadoni
pedro@acidadevotuporanga.com.br
Nesta quinta-feira (14) celebra-se o Dia Nacional da Pecuária, atividade que é uma das principais impulsionadoras da economia brasileira. A pecuária é uma atividade econômica voltada diretamente para a criação de animais com fins econômicos e de consumo. Na prática, isso envolve tanto entretenimento quanto produção.
O jornal
A Cidade conversou com pecuaristas (e empresários) que estão envolvidos nessas duas vertentes. Eles falaram sobre os desafios enfrentados na área – com a pandemia e estiagem – e expectativas de retomada.
Rodeios
A pandemia paralisou o entretenimento presencial de maneira geral. Festivais, turnês e shows foram adiados sem previsão de retorno. E os rodeios estão entre as categorias de eventos que foram paralisadas.
“Os touros não podem ficar muito tempo sem pular, então fazíamos treinos com peões. É que se eles ficam sem pular, vão perdendo o desempenho. Então, durante a pandemia, fizemos alguns treinos e continuamos trabalhando”, contou Rosana Araújo de Miranda. Ela e seu marido, Tércio Miranda, são donos da Cia. de Rodeio Tércio Miranda, que fica em Votuporanga.
Agora, com a retomada dos eventos com a presença do público, o contexto dos rodeios dá sinais de melhora. E os negócios do casal vão bem.
“A situação está bem melhor. Por exemplo, como nós trabalhos bastante com redes sociais e internet, estamos com muitas propostas de patrocínio. E nossa agenda para 2022 já está completa. Os rodeios estão voltando com tudo”, disse Rosana.
Produção
Em relação às fazendas de criação de gado, a pandemia não causou impactos significativos. É o que contou o empresário e pecuarista Luciano Panzanella Augusto, dono da Panza Agropecuária, que também fica em Votuporanga.
Segundo ele, o impacto deve começar a aparecer em breve. “O grande impacto vai ser no ano que vem, porque muitos insumos estão faltando. Mas isso é uma questão mundial. O mundo inteiro está passando por esse problema, porque, durante a pandemia, as indústrias pararam. Então as indústrias de adubo [etc] estão com dificuldades de matéria-prima e isso pode afetar [a pecuária]”, explicou o pecuarista.
O que vem causando impactos muito significativos na pecuária é a estiagem que a região enfrenta há meses.
“A estiagem impactou muito mais do que a pandemia. O [aumento do] valor dos alimentos é porque tem se produzido menos. A estiagem atrapalhou demais a produção e aí a gente vê os preços elevadíssimos. A seca atrapalhou muito e vai ser custoso para o produtor recuperar esse tempo perdido. Vai ser bem caro para o produtor ‘reformar’ a fazenda”, disse Luciano Panzanella.
Quando perguntado sobre a expectativa em relação ao preço da carne, o empresário disse que o preço deve se manter estável – no patamar elevado que está atualmente - até o fim deste ano. E, para ele, o produtor não deve ser responsabilizado por isso.
“A culpa não é do produtor. Neste ano tão ruim, por conta da estiagem, os valores da comida – para o gado – está muito alto. Então o produtor gastou mais do que ganhou. Foi um ano complicadíssimo”, disse o pecuarista.