Grupo do Inpe alerta que o fenômeno muda a circulação atmosférica, o que pode aumentar a incidência dos raios em até 20%
As altas temperaturas e umidade do ar típicas da primavera/verão também são fatores que favorecem a formação de tempestades e raios (Foto: Foco Studio e A Cidade)
Pedro Spadoni
pedro@acidadevotuporanga.com.br
O fenômeno La Niña deve contribuir para o aumento da ocorrência de raios durante a primavera e o verão em Votuporanga e região. É o que alerta o Elat (Grupo de Eletricidade Atmosférica) do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
De acordo com o grupo, as altas temperaturas e umidade do ar também favorecem a formação de tempestades e raios. Por esses motivos, a primavera e verão tendem a ter maior incidência de raios.
“O La Niña faz com que as águas fiquem mais frias e a evaporação diminui. Com isso, modifica a circulação atmosférica do mundo inteiro. Essa operação favorece a formação de tempestades em algumas regiões e diminuição em outras, o que provoca o aumento [na incidência de raios] que pode ser de até 20%”, explicou o coordenador do Elat, Osmar Pinto Junior.
Chuvas
A chuva com trovoadas é um sinal de raios e elas são mais frequentes exatamente neste período, muitas acompanhadas de ventanias e granizo, como a que caiu sobre Votuporanga na madrugada de domingo (24).
O município também enfrentou, recentemente, um temporal com uma nuvem de poeira que assustou os munícipes e deixou um rastro de destruição. Ambos os casos aconteceram após o início da primavera, em setembro.
Já no começo do ano, em janeiro, um levantamento do
A Cidade feito junto ao Elat revelou que mais de 1,4 mil raios foram registrados durante temporais que assolaram o município durante dois dias seguidos. Na época, as medições do grupo mostraram que 486 raios que tocaram o solo do município causaram estragos. Foi o caso do raio que atingiu o transmissor da rádio
Cidade FM e acabou destruindo o equipamento.
Até setembro, 4.512 raios caíram em Votuporanga, segundo o Elat. E janeiro continua sendo o mês em que mais ocorrências de raios foram registradas. No total, foram 1.631.
Já entre 2016 – quando o grupo começou a monitorar as ocorrências de raios no país – e 2020, o ano de 2016 foi quando mais raios caíram no município. De acordo com os dados levantados pelo grupo do Inpe, foram 11.583.
Riscos
De acordo com o Inpe, a corrente do raio pode causar sérias queimaduras e outros danos ao coração, pulmões, sistema nervoso central e outras partes do corpo, pelo aquecimento e uma variedade de reações eletroquímicas.
É por isso que cerca de 20% a 30% das vítimas de raios morrem - sendo a maioria delas por parada cardíaca e respiratória - e cerca de 70% dos sobreviventes sofrem por um longo tempo sequelas psicológicas e orgânicas. Um estudo do Elat levantou que 2.194 pessoas morreram após terem sido atingidas por raio no Brasil, entre 2010 e 2019.
Outra ocorrência relativamente comum, inclusive na região de Votuporanga, é a de morte de cabeças de gado atingidas por raio durante tempestades. Isso acontece porque os animais buscam abrigo embaixo de árvores.
Segurança
As recomendações do Elat/Inpe é para que durante uma tempestades, as pessoas evitem se abrigar ou caminhar perto de árvores; caminhar ou ficar parado em áreas descampadas, rodovias, ruas ou estradas; ficar próximo a cerca de arame ou veículos; abrigar-se em áreas cobertas, que protegem da chuva, mas não dos raios, como varandas, barracos e celeiros; utilizar equipamentos elétricos ligados à rede elétrica ou ficar perto de tomadas; falar ao telefone com fio ou utilizar celular conectado ao carregador; usar chuveiro elétrico; ficar próximo a janelas e portas metálicas; ficar próximo à rede hidráulica (torneiras e canos).