Dia amanheceu ‘embaçado’ em Votuporanga, por conta de queimadas na região; nova estação deve trazer chuvas
Algumas vacas morreram durante queimada em Jales; dr. Wagner Moneda Telini, que é pneumologista, falou sobre os danos à saúde (Fotos: A Cidade e arquivo pessoal)
Pedro Spadoni
pedro@acidadevotuporanga.com.br
A primavera começou, oficialmente, na quarta-feira (22). Mas quem saiu de casa na parte da manhã se deparou com um tempo “embaçado”. Isso porque Votuporanga amanheceu coberta por uma névoa pesada de fumaça de queimada, trazida pela ventania durante a madrugada de quarta.
Além da fumaça, o primeiro dia da primavera na cidade foi marcado por um calor que beirou os 35ºC. Mas, com a nova estação, vem a previsão de chuvas, que devem aliviar (um pouco) a sensação de tempo seco que incomoda os olhos, narizes e pulmões de muitos.
Em Votuporanga, as próximas pancadas estão previstas para caírem neste fim de semana, tanto no sábado (25) quanto no domingo (26). Na semana seguinte, os únicos dias sem previsão de chuva são terça (28) e quarta-feira (29).
Fumaça
A tal “névoa” densa veio de queimadas na região. Em Jales, inclusive, algumas cabeças de gado morreram durante a queimada de uma pastagem na região rural, segundo o site A Voz das Cidades.
O mesmo aconteceu perto de Icém, onde, às margens da rodovia BR-153, o fogo se alastrou por 260 hectares e matou três vacas, segundo o Corpo de Bombeiros. Na mesma rodovia, só que perto do distrito de Ruilândia, em Mirassol, a queimada atingiu 14 hectares de plantação.
“Nessa época do ano, tem bastante ocorrência de incêndio em vegetação, por conta do tempo seco, o período de estiagem e o vento forte. Isso dificulta muito o nosso trabalho. Temos ocorrências na região toda”, explicou o 1º tenente Thiago Boina Marin, que é comandante do Corpo de Bombeiros de Votuporanga, ao jornal
A Cidade recentemente.
Com a ventania, a fumaça gerada por essas queimadas acaba se espalhando pela região. Tanto que Votuporanga não foi a única cidade a amanhecer “embaçada” na quarta. O mesmo aconteceu em Fernandópolis. Só que por lá os moradores tem enfrentado um calor mais intenso ainda, de acordo com o jornal Cidadão. O termômetro do Ciiagro (Centro Integrado de Informações Meteorológicas) chegou a registrar 41,7ºC nesta semana na cidade.
Já em Rio Preto, não houve névoa, mas a nova estação começou com a qualidade do ar avaliada como ruim. Isso aconteceu porque a velocidade dos ventos aumentou, o que intensificou os focos de incêndios na região e provocou (mais) poluição no ar, conforme publicou o G1.
Danos à saúde
Em entrevista exclusiva ao
A Cidade, o médico Wagner Moneda Telini, especialista em pneumologia, afirmou que os efeitos das fumaças causadas pelas queimadas na região são extremamente prejudiciais ao sistema imunológico.
“O principal problema é que essa cortina de fumaça acontece em decorrência das queimadas que surgem nessa época por conta do clima seco, onde a umidade relativa do ar já está extremamente baixa, o que já fragiliza bastante a mucosa das nossas vias aéreas e quando essa fumaça entra aumenta o risco de irritação das vias aéreas”, explicou.
O médico ressaltou que pessoas que já possuem doenças respiratórias como sinusite, rinite ou asma, tendem a ter os sintomas potencializados quando inalam fumaça. O especialista esclareceu que qualquer pessoa pode ser acometida por sintomas causados pela fumaça, mas que há grupos mais vulneráveis.
“Essa exposição à cortina de fumaça contaminando o ambiente das casas aumenta os riscos de crise e exacerbação para quem já tem problema de pulmão, como asma, por exemplo. Crianças e idosos são mais sensíveis por terem imunidades mais afetadas”, relatou.
O médico recomendou que seja evitado ao máximo o contato com regiões que aja queimadas e que em conhecimento dessas ações em áreas de risco ou que tenham habitantes, que seja realizado as denúncias aos órgãos ambientais competentes. Ele destacou algumas medidas que podem amenizar os efeitos das queimadas após o contato.
“É importante fechar bem as janelas para tentar evitar ao máximo que essa fumaça entre em casa e também utilizar os famosos umidificadores de ar. Também é importante evitar a exposição ao ar livre as 10h e as 15h”, concluiu.
Chuvas
A previsão para este trimestre indica probabilidade de chuva acima da média histórica no Norte, Centro e Leste do Brasil. Já para alguns estados da região Nordeste, Sudeste (inclusive São Paulo) e Sul, a previsão é de chuvas abaixo da média históricas. Os dados são do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Só que apesar de existir a previsão de chuva acima da média, esse total não deve ser o suficiente para encher os reservatórios e resolver a crise hídrica que o país enfrenta, de acordo com o G1.
Isso porque o nível de água dos principais reservatórios do país continua baixando e rápido. A situação é mais preocupante no conjunto de hidrelétricas das regiões Sudeste e Centro-Oeste, que concentra 70% de toda a água armazenada no Brasil.
*Colaborou Franclin Duarte