Munícipes terão que arcar com a nova bandeira de ‘escassez hídrica’ e a correção anual da Elektro, que aumenta a tarifa em 12,7%
Moradores terão que arcar com os acréscimos na conta de luz; a autônoma Ana Lúcia Gomes tenta adaptar sua rotina para economizar (Fotos: A Cidade)
Da redação
A partir desta semana, passa a valer a nova bandeira de “escassez hídrica” para a conta de luz. Criada pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a taxa tem o valor de R$ 14,20 por 100 kWh e ficará em vigor até 30 de abril de 2022.
Além disso, os votuporanguenses terão que arcar, a partir deste mês, com a correção da conta anual da Elektro, que aumentou a tarifa em12,71% para o consumidor residencial; 12,89% em média para o consumidor de baixa tensão; 8,84% para alta tensão. Ou seja, na prática, a conta de luz vai ficar duplamente mais cara para os munícipes.
Para a Ana Lúcia Gomes, que trabalha como autônoma no município, o aumento vai pesar no bolso. Tanto que ela já tenta adaptar sua rotina para gastar menos energia.
“[O aumento] vai pesar e muito. Eles falam que é por conta da seca, mas aí vai subindo tudo de uma vez só.Eu desligo os aparelhos da tomada, os banhos estão sendo bem mais rápidos, a máquina de lavar estou tentando usar só uma vez por semana, algumas peças [de roupa] estou lavando na mão mesmo, para economizar, e estou aproveitando a luz do dia”, contou Ana Lúcia.
Aumento
A correção autorizada pela Aneel entrou em vigor no final de agosto. Eo aumento da tarifa vai atingir 2,8 milhões de consumidores da Elektro, em 223 municípios do estado de São Paulo e Mato Grosso do Sul.
A nova bandeira tarifária sofreu uma correção de 49,6% (ou R$ 4,71) em relação à atual bandeira vermelha patamar dois (de R$ 9,49 por 100 kWh), que estava sendo aplicada à conta de luz. No final de junho, o valor da bandeira vermelha patamar dois já havia subido 52%.
As bandeiras tarifárias são independentes da tarifa de energia e acrescentadas ao valor da conta, dependendo das condições de geração de energia no setor elétrico. Quando o cenário é favorável, não há acréscimo (bandeira verde). A bandeira amarela indica cenário menos favorável, enquanto as vermelhas (patamar um e dois) apontam para condições custosas de geração de energia.
A bandeira de emergência hídrica não existia. Segundo o Ministério de Minas e Energia, a nova taxa provocará aumento de 6,78% na tarifa média dos consumidores regulados, como os residenciais.
O objetivo das bandeiras tarifárias é remunerar o uso de usinas termelétricas, que têm custo mais alto. As termelétricas estão sendo utilizadas por causa da seca, que diminuiu o reservatório de hidrelétricas e prejudicou a geração de energia. O país vive a pior crise hídrica em 90 anos.
A decisão do novo valor foi tomada pela Creg (Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética). O grupo foi criado no final de junho pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e inclui representantes de vários ministérios, incluindo os de Minas e Energia e da Economia.
A Creg também aprovou a criação de um programa para estimular os consumidores residenciais a economizarem energia. A iniciativa começa a valer em setembro e prevê um bônus de R$ 50 por 100 kWh reduzidos, limitado à faixa de economia entre 10% e 20%. Cidadãos de baixa renda que aderem à tarifa social também poderão participar.
NOVA BANDEIRA DE ‘ESCASSEZ HÍDRICA’
Conta de luz em agosto para 100 kWh consumidos:
- R$ 60 (tarifa média de energia) + R$ 9,49 (bandeira vermelha patamar 2) = R$ 69,49
Conta de luz a partir de 1º de setembro para 100 kWh consumidos:
- R$ 60 (tarifa média de energia) + R$ 14,20 (bandeira de escassez hídrica) = R$ 74,20
Diferença no total da conta entre agosto e setembro = R$ 4,71, ou 6,78%
(Fonte: Ministério de Minas e Energia)