Um grupo formado por cerca de mil ex-funcionários da Vikstar enviou para a redação do A Cidade uma carta aberta, denunciando o descumprimento do acordo trabalhista firmado entre a empresa de call center
A unidade da Vikstar de Votuporanga já começou a ser desmontada e, vazia, agora é dominada pelo silêncio (Foto: Arquivo pessoal)
Franclin Duarte
franclin@acidadevotuporanga.com.br
Um grupo formado por cerca de mil ex-funcionários da Vikstar enviou para a redação do A Cidade uma carta aberta, denunciando o descumprimento do acordo trabalhista firmado entre a empresa de call center, a Telefônica Vivo eos sindicatos de trabalhadores em telecomunicações, em relação ao PDI (Programa de Desligamento Incentivado), que está em andamento em Votuporanga, São Paulo, Barretos, Teresina (PI) e Londrina (PR). Eles afirmam que ainda não receberam os acertos.
O acordo foi firmado para garantir que, diante das inevitáveis demissões após encerramento de contrato entre a Vikstar e a Telefônica (única cliente da empresa), os trabalhadores recebessem as verbas rescisórias e tivessem seus direitos garantidos. A contact center tinha cerca de 8 mil funcionários, quase 2 mil só em Votuporanga.
No documento, porém, funcionários dos setores administrativos da empresa afirmam que ainda não receberam os acertos e a justificativa, segundo os trabalhadores, é que eles não seriam reconhecidos como funcionários que prestavam serviços exclusivamente para a Telefônica dentro do ambiente da Vikstar.
“A unidade de Londrina, foi a primeira a ser desmobilizada, ocasião na qual os colaboradores administrativos tiveram a ingrata surpresa de saber que, além de não receberem as verbas rescisórias, ainda estão com FGTS e INSS atrasados. O cenário se estende para os demais colaboradores administrativos das outras unidades, ou seja, estamos falando de cerca de mil colaboradores, mil famílias que ficarão à deriva em um cenário caótico como o que já vivemos. Além de enfrentar uma pandemia, nós também estamos enfrentando o desemprego e a impunidade do não cumprimento de um acordo”, diz o documento”, diz a carta.
Uma das cláusulas do PDI diz que são elegíveis ao programa trabalhadores da contact center alocados na atividade de Call Center e Televendas da operação da Telefônica, descritos em uma lista que seria encaminhada pela operadora, com contrato ativo e/ou suspenso e pertencentes à categoria do sindicato que fez parte do acordo. Também fariam parte do PDI aqueles que tiveram seu contrato rescindido pela Vikstar ou a pedido, nos últimos meses, mas que até então ainda não haviam recebido as verbas rescisórias.
“Na ocasião, ficou acordado de que todos os colaboradores que prestassem serviços para a Telefônica Vivo, estariam inclusos no acordo de desligue. Isso abrange, além dos operadores e supervisores, a linha de frente do atendimento, aqueles que eram considerados das áreas de apoio para que toda engrenagem da operação pudesse funcionar.Lembramos que sem as áreas de tecnologia, planejamento, auditoria, comunicação, limpeza e muitas outras que compuseram a empresa ao longo de nove anos, não haveria a possibilidade de ter a área de operações. Uma complementa a outra, portanto, é de entendimento de todos, que todas as áreas prestaram serviços para a Vivo”, complementa o documento.
A Telefônica, contudo, não entende dessa forma. Procurada pelo A Cidade, a Vivo afirma que “o critério fixado no acordo firmado entre a Vikstar, Sindicatos e Telefônica visou contemplar os colaboradores da Vikstaralocados na atividade de call center e televendas da operação da Telefônica, colaboradores estes informados pela própria Vikstar ao longo da vigência do contrato com a Telefônica”, disse a operadora, em nota.
O jornal A Cidade tentou, mas não conseguiu contato com nenhum representante da Vikstar.