Vereador levou três caixas de pizza, em protesto ao arquivamento da sindicância que apurava as denúncias de fura-fila da vacina contra a Covid-19
O vereador Cabo Renato Abdala levou pizzas para Câmara Municipal e subiu o tom dizendo que vereadores têm preço (Foto: Assessoria)
Franclin Duarte
franclin@acidadevotuporanga.com.br
O vereador Cabo Renato Abdala (Patriota) levou para a sessão da Câmara Municipal de segunda-feira (14) três caixas de pizza, em protesto ao arquivamento da sindicância que apurava as denúncias de fura-fila da vacina contra a Covid-19 em Votuporanga. O parlamentar disse que "já sabia que tudo terminaria em pizza" e que os vereadores têm preço em Votuporanga.
Abdala foi autor de um pedido para abertura de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Legislativo para apurar as denúncias, mas viu ela ser arquivada após três vereadores retirarem suas assinaturas. Agora, com o arquivamento, ele afirma que a o Legislativo perdeu a oportunidade de mostrar sua independência.
"A gente, mais uma vez, tem que vir pagar mico, enquanto eu falava que tinha que sair uma CPI aqui, que é um poder independente, mas que há muito tempo é a casa da mãe Joana, que faz tudo que o prefeito quer. O famoso fura-fila à moda da casa. Eu já tinha falado aqui que iria dar em pizza, então eu trouxe a pizza do fura-fila da administração pública", disse o vereador.
Mais tarde, em suas redes sociais, e também em nota distribuída por sua assessoria, Cabo Renato foi além ao dizer que ficou uma sensação de que o crime compensa.
“Os vereadores dessa casa precisam aprender a ter valor e não preço. Isso aqui é uma patifaria, tudo acaba em pizza, com a sensação de que o crime compensa. Sinto vergonha desse momento que estamos passando”, afirmou o vereador.
O arquivamento
A Corregedoria Geral do Município publicou na sexta-feira (11) o despacho decisório de arquivamento da sindicância aberta para apurar as denúncias de fura-fila da vacina contra a Covid-19 em Votuporanga. De acordo com o relatório final das investigações, não ficou constatada nenhuma irregularidade cometida por servidores públicos em relação à imunização.
Em entrevista ao
A Cidade, o procurador-geral do município, Glauton Feltrin, afirmou que a sindicância não alcança a competência da Polícia Civil e do Ministério Público de apurar a prática de crimes, mas sim faltas funcionais no exercício da profissão.
“Depois de transcorrido o processo todo de investigação nessa parte disciplinar, foi concluído que não houve a comprovação de que algum servidor tenha cometido uma falta disciplinar. Ficou muito claro que os documentos técnicos da Secretaria de Saúde do Estado foram sendo aprimorados. Naquele momento os servidores foram obedecendo o que tinham como diretriz, então a conduta deles naquele momento era o que estava indicado pelos órgãos sanitários”, explicou.
Ainda segundo o procurador, a Polícia Civil e o Ministério Público irão apurar se houve, de fato, o fura-fila, ou a prática de algum crime. “Foram feitas audiências, diligências, ouvidas testemunhas e no fim de todo esse processo não foi possível individualizar uma conduta de um servidor ou de outro que possa ter caracterizado uma falta disciplinar”, concluiu.