Dona Rita Verssuti, de 81 anos, mãe de nove filhos, cultiva o amor com o pequeno gesto de cozinhar em forma de pão
Dona Rita Verssuti, de 81 anos, preserva a tradição em sua família e cultiva com pequenos gestos a culinária ancestral (Foto: A Cidade)
Fernanda Cipriano
Estagiária sob supervisão
fernanda@acidadevotuporanga.com.br
Lembra daquele ditado que nada é melhor que comida de mãe? São com simples gestos de carinho, no amassar de um pão caseiro, que a boa culinária e os dotes na cozinha foram passados pelas gerações até chegar a Rita Verssuti, de 81 anos. Moradora da zona rural de Votuporanga, ela relembra com saudade os tempos antigos em que a comida caseira, feita no fogão à lenha era ainda figura presente no cotidiano de cada família.
Foi olhando sua mãe, Maria Pérez Morales, na cozinha que Rita aprendeu a receita e com a mesma ternura dedica todas as noites do sábado em juntar todos os ingredientes para preparar o fermento caseiro, que descansa durante a noite, para na manhã do domingo, já começar a sovar a massa e dar forma ao pão.
“Aprendi aqui com a minha mãe. Mas comecei a fazer mesmo depois de casada, com 28 anos. Às vezes eu ajudava, quando precisava ela me botava para amassar e foi desse jeito que fui aprendendo”, disse Rita.
Já com a massa pronta, durante a manhã, dona Rita coloca os pães no forno e começa a preparação do almoço para receber seus netos, bisnetos e filhos, que todos os domingos,antes da pandemia, se reuniam, especialmente no do Dia das Mães.
A tradição cultivada até hoje por ela, é fruto da vivência e experiência de todo o início de sua família e que se assemelha a muitas outras de Votuporanga. Segundo Rita, não tinha quem ensinava, as mães da época testavam e até mesmo criavam as próprias receitas. Além do pão, ela conta que sabe cozinhar mantecal, bolachinhas caseiras e rosquinha de pinga, que são quitutes de sua infância.
O próprio pão é uma espécie de ritual da casa. Os netos dizem: “só é domingo quando tem pão da vó” e Rita volta a lembrar que quando era criança sua mãe fazia essa receita, pelo menos, duas vezes na semana e que era muito frequente.
“Antigamente, o pão a gente levava na roça, quando a gente se juntava a mãe fazia em uma fornada só 10 ou 12 pães, no fogão à lenha. Fazia também bolachinha, rosquinha e o café”, relembrou com saudade.
Dona Rita é viúva e mãe de nove filhos e o sentimento de dedicação ao cozinhar foi passado para todos eles. Mesmo pelo sentido de necessidade, ela conta que os filhos se envolviam em fazer o almoço, ajudavam a cozinhar o frango caipira e a acender o fogão à lenha, quando ainda se reuniam. “O ingrediente especial é fazer com vontade e amor”, concluiu.