O jornal percorreu os supermercados da cidade e encontrou filas e consumidores preocupados com as consequências das restrições
Reabertura dos supermercados atraiu consumidores, gerou filas longas nas entradas de algumas unidades e carrinhos lotados (Fotos: A Cidade)
Pedro Spadoni
pedro@acidadevotuporanga.com.br
Filas e carrinhos lotados de mercadorias. Foi assim que a reportagem do jornal
A Cidade encontrou os supermercados de Votuporanga na sexta-feira (26), pouco antes da Prefeitura publicar um novo decreto que libera o atendimento presencial em supermercados, padarias, açougues, quitandas e similares.
O documento libera o atendimento das 6h às 20h, desde que com limitação de 40% da capacidade, permissão de entrada de apenas uma pessoa por família e distanciamento de dois metros dentro do estabelecimento. Até então, a liberação era excepcional e válida até às 22h deste sábado (27).
A reportagem questionou alguns consumidores sobre a reabertura desses estabelecimentos, bem como as demais medidas restritivas decretadas pelos governos estadual e municipal recentemente com o objetivo de frear o avanço da pandemia. Eles se mostraram preocupados e alguns até insatisfeitos com as restrições.
Opiniões
A reportagem conversou com as atendentes de fast-food Glendha Nato e Naiara Andrade, ambas de 21 anos, enquanto elas aguardavam para entrar em um supermercado.
"Se estivesse aberto, não ia estar desse jeito porque o pessoal não ia deixar para vir em um dia. Acho que assim contamina muito mais do que se estivesse aberto todo dia", disse Glendha.
Naiara concordou com a amiga e disse que a mesma situação pode ocorrer no comércio em geral. "O pessoal fica sabendo que [o mercado] vai abrir só sexta e sábado e aproveita para vir. Acho que não vale muito a pena [fechar o comércio], porque quando abrir o pessoal vai querer sair de casa e vai tudo de uma vez. O pessoal está cansado de ficar em casa, por mais que tenha que se cuidar", afirmou Naiara.
As duas também disseram considerar "complicada" a situação dos servidores e trabalhadores que precisaram suspender suas atividades presenciais, por conta das medidas restritivas.
"Ainda quem trabalha numa 'empresa sólida', tudo bem. Mas e quem trabalha de dia [autônomos]? Servente de pedreiro, diarista, que recebem por dia. É difícil para essas pessoas ficarem 15 dias dentro de casa", avaliou Glendha.
Em seguida, Naiara acrescentou sobre a subida geral dos preços de produtos e serviços nas últimas semanas. "Tem muita gente precisando de dinheiro e a gente não pode trabalhar. E as coisas só subindo, né? A conta no mercado está um absurdo, gasolina subindo todo dia. O pessoal está se aproveitando da situação e a gente fica para trás nessa história, porque tudo sobe, mas o salário não", afirmou Naiara.
Em outro supermercado na zona Norte quem conversou com o
A Cidade enquanto aguardava na fila foi o aposentado João Manfrim, de 68 anos. Ele começou comentando sobre a situação pontual da reabertura dos mercados.
"É complicado ficar uma semana sem ir no mercado. Ainda bem que voltou hoje [ontem]. Mas aí começa aglomeração e a faltar mercadoria. É muita gente, né? Ninguém esperava isso", disse o aposentado.
Em seguida, seu João falou sobre a situação geral que Votuporanga enfrenta atualmente. "Parecia que estava melhorando, agora parece que está piorando. Sai uma pessoa de leito de UTI, tem outras 30 aguardando. A gente fica preocupado, principalmente com a família", relatou Manfrim.
Por fim, o aposentado comentou sobre a campanha do município para a vacinação contra a Covid-19. Para ele, há poucas vacinas disponíveis. Por isso, é preciso reforçar os cuidados e obedecer às recomendações sanitárias.
"Estamos precisando de mais vacinas. Tem que manter distância, usar máscara e lavar bem as mãos. Eu fiquei a semana inteira em casa. Vim agora [ao mercado] porque está faltando café e mais algumas coisas, senão nem sairia", contou.
Apesar de preocupado com a situação do município, ele se disse esperançoso para a chegada da sua vez de receber a dose do imunizante. Atualmente, a campanha está vacinando idosos de 69 a 71 anos.