Faltando ainda 13 dias para terminar, março já é o mês com o maior número de mortes registradas por Covid-19 desde o início da pandemia
Famílias inteiras foram destruídas como foi o caso do casal Antonio Carlos Tassi e Luciane Fernandes Tassi, que morreram na quinta-feira (18) (Foto: Arquivo pessoal)
Franclin Duarte
franclin@acidadevotuporanga.com.br
Março será um mês para se esquecer para pelo menos 43 famílias de Votuporanga. Faltando 13 dias para o seu fim, este já é o mês com o maior número de mortes em decorrência de complicações causadas pela Covid-19 desde o início da pandemia e o cenário não é muito diferente para os próximos dias.
Depois de muito se falar em ações para evitar o chamado colapso da saúde, ele chegou e destruiu famílias inteiras no município, como foi o caso mais recente do casal Antonio Carlos Tassi, de 56 anos e Luciane Fernandes Tassi, de 48 anos, que morreram quinta-feira (18) vítimas da doença. Antonio chegou a conseguir uma vaga de UTI, Luciane não.
Antonio Carlos, conhecido como “Nim funileiro” e também por ser o proprietário da espetaria Ice Beer, na avenida Pansani, morreu no início da manhã e foi sepultado, às 11hs, no Cemitério Municipal de Votuporanga, enquanto sua esposa faleceu horas mais tarde.
Números
De acordo com o Boletim Epidemiológico da Secretaria Municipal da Saúde, 188 pessoas já morreram em Votuporanga em decorrência do coronavírus. Até então, o mês mais trágico tinha sido julho de 2020, no pico da pandemia, quando 30 votuporanguenses morreram em 30 dias. Logo na sequência vinha agosto do mesmo ano, com mais 24 mortes.
No final do ano o número de óbitos foi caindo até chegar a “apenas” nove, em dezembro, mas voltou a crescer em janeiro, quando foram registradas 18 mortes até chegar em março, com o registro de uma média de dois óbitos por dia.
Internações
E a perspectiva para os próximos dias também não é das melhores. O que mais preocupa as autoridades de saúde é a grande quantidade de pessoas internadas. De acordo com o último informativo, 86 votuporanguenses estão hospitalizados, também o maior número desde o início da pandemia.
Não bastasse a quantidade elevada de internações, os pacientes estão evoluindo para quadros mais graves e necessitando de suporte avançado. Dos 86 que procuraram o hospital, 36 precisaram ser internados em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e pelo menos outros nove estão aguardando uma vaga em leitos de suporte ou até na enfermagem, já que as UTIs de praticamente todo o Estado estão lotadas.
Sem leito
Diante dessa superlotação e da grande demanda por internações, pelo menos 17 pessoas já morreram no município à espera de uma vaga de UTI. Na quinta-feira (18), além de Luciane Tassi, o senhor Reginaldo Alves de Oliveira, de 68 anos, morreu antes de conseguir transferência para a ala intensiva.
Ele era motorista e morador do Parque das Nações, na rua França, em Votuporanga. Reginaldo deixa a esposa Aparecida Cleusa, os filhos Cristiane Alves, Anderson Alves e Bruno Alves, além dos demais familiares e amigos. Seu sepultamento ocorreu ontem, às 17h30, no Cemitério Municipal de Votuporanga.