O jornal A Cidade colheu depoimentos de amigos e colegas sobre o comerciante, que era referência no município e muito ativo na comunidade
Manoel Anzai faleceu por complicações da Covid-19, aos 86 anos, enquanto estava internado num leito de UTI em Araraquara (Foto: Divulgação)
Pedro Spadoni
pedro@acidadevotuporanga.com.br
O conhecido comerciante Manoel Anzai faleceu na noite de quarta-feira (24), aos 86 anos, por complicações da Covid-19. O patriarca da família Anzai estava internado num hospital de Araraquara, para onde tinha sido transferido ao conseguir um leito de UTI para lutar contra a doença.
Ele atuava na administração da Casa Anzai, que comercializa produtos voltados à agricultura, ferragens, produtos veterinários, hidráulicos e materiais de construção. Além disso, sempre foi muito ativo na comunidade e é considerado um dos pioneiros do comércio do município.
Seu Manoel deixa a esposa Schirley e os filhos Mauro e Carlos, além dos netos Lucas, Daniel, Gustavo e Arthur. Por conta dos protocolos sanitários, seu Manoel Anzai não pôde ser velado. Ele foi sepultado na manhã de ontem, no Cemitério Municipal de Votuporanga.
História
A trajetória do seu Anzai no comércio de Votuporanga começa com uma quitanda, aberta por ele e seu pai na rua Amazonas na década de 1950. Na época, o município era completamente dependente das atividades agrícolas, por isso eles decidiram abrir um estabelecimento no ramo alimentício.
Depois, com o surgimento dos supermercados na cidade, eles expandiram para ferragens. Já na década de 90, eles implantaram materiais hidráulicos e pecuária entre os produtos comercializados no estabelecimento. Mas a Casa Anzai ocupava apenas uma parte da vida do seu Manoel.
Anzai era associado do Rotary Club de Votuporanga desde 1954, o que o tornava um dos associados mais antigos do clube. Anzai também foi presidente do clube, entre 1980 e 1981.
O comerciante também presidiu o Votuporanga Clube e a Associação Comercial do município (ACV), entre 1979 e 1980. Além disso, era um membro ativo da Irmandade da Santa Casa de Votuporanga.
O jornal A Cidade colheu depoimentos sobre o seu Manoel de amigos e colegas de longa data, que trabalharam (ou conviveram) com ele tanto nos clubes quanto fora deles.
Leia a seguir:
José Maria Gonçalves Filho (atual presidente do Rotary Club de Votuporanga)
"Ele foi uma pessoa muito conhecida e muito admirado pelas suas características pessoais. Um excelente companheiro, uma pessoa muito honesta e caridosa. E ele proporcionava uma reunião comemorando o final do ano com os companheiros. O clube usava a propriedade dele para fazer essa reunião. Nós fazíamos esses encontros e ele era uma pessoa extremamente animada e muito companheiro. Ele era um comerciante muito respeitado e querido. Os companheiros do Rotary estão muito tristes com essa perda."
José Luiz Sanches Vargas (ex-governador do Rotary Club de Votuporanga)
"Nós éramos amigos desde 1978 para cá. Trabalhos juntos no Rotary, em vários projetos na cidade e na diretoria da Fundação Educacional. Era um grande amigo. Sentimos muito a perda dele. Ele é insubstituível. O Manoel estava sempre preocupado com esses maus momentos da cidade. Ele era um homem que sabia visualizar as necessidades e colocar em prática as soluções. Estava sempre envolvido, principalmente nas ações voluntárias. Ele era, sem dúvidas, uma pessoa muito boa."
Fleury Ângelo Cecchini Júnior (atual presidente do Votuporanga Clube)
"O Manoel era uma pessoa muito especial. Ele era um incentivador para a pungência do comércio. Um empreendedor nato. Ele era referência em todos os sentidos, como amigo e consultor. Manoel irradiava alegria, era contagiante. Sempre foi assim. Ele era bom demais de conversar. Era calmo e cadenciava bem as coisas. Torcia muito para o comércio de Votuporanga. É uma perda enorme para a cidade, porque ele era uma referência muito grande. Votuporanga vai sentir muito a falta dele."
Dr. Joaquim Figueira da Costa (ex-presidente do Votuporanga Clube)
"Manoel Anzai foi um personagem e um protagonista que escreveu um capítulo importante na história de Votuporanga, seja como pioneiro no comércio ou na agropecuária. Foi uma pessoa extremamente participante, não só das atividades associativas, mas também das assistenciais. Particularmente, eu tenho que dizer que ele foi além de um grande amigo, foi um grande parceiro. Nas vezes que eu fui presidente do Votuporanga Clube, ele sempre esteve comigo, assumindo a posição de tesoureiro. Agradeço muito a Deus de ter tido a oportunidade de conviver com ele. Eu o considerava como uma espécie de extensão da minha família. Peço a Deus que ele descanse em paz. Aos familiares, as minhas condolências."
Rames Cury (amigo)
"O Manoel foi muito meu amigo, éramos como irmãos. Fazia mais de 50 anos que nós éramos amigos. No Votuporanga Clube, ele sempre foi tesoureiro e eu sempre fui diretor social. Depois fomos presidentes. Eu fiquei muito chateado, não teve nem velório. Não pude ir lá dar adeus para ele. Foi muito difícil para mim, estou até sem chão para falar alguma coisa sobre o Manoel."
'Me sinto feliz por ter participado da evolução de Votuporanga', disse Anzai
A ACV (Associação Comercial de Votuporanga) lamenta a morte de Manoel Anzai, que presidiu a Associação na gestão de 1979 a 1980.
Paralelo à sua atividade no comércio, o empresário era um entusiasta do progresso, tendo participado da fundação da sede da Associação Comercial. O atual presidente da entidade, Carlos Eduardo Ramalho Matta, falou da importância de Manoel Anzai.
“Ele era um incentivador da modernização e de tudo o que poderia colaborar com a vida do lojista. Foi uma pessoa fundamental na nossa história. Deixa um legado importante e fará muita falta”, disse Matta.
Em entrevista concedida à TV Unifev em agosto de 2019, Manoel Anzai relembrou alguns episódios de sua vida.
“Quando jovem, conheci os fundadores da ACV e, o nosso grupo de amigos, percebeu que poderíamos ajudá-los na entidade. Pensávamos no dia de amanhã e queríamos colaborar mais. Foi então que, junto com estes fundadores, demolimos a sede antiga e construímos o prédio onde hoje está a ACV. Levou quase 12 anos para isso e hoje a sede da ACV é uma das mais bonitas do Estado. É uma referência. Votuporanga está onde está graças a pessoas que trabalharam com dignidade e com foco”, disse o comerciante, na época.
Outra conquista relembrada pelo empresário foi a busca do primeiro supermercado para a cidade e também de ônibus para buscar clientes da região.
“Começamos a trazer as pessoas de ônibus para virem comprar no comércio de Votuporanga, porque elas tinham o costume de irem para Rio Preto. Conseguimos um supermercado na década de 50 para a rua Amazonas, que foi o primeiro de Votuporanga. Com o tempo, nossa loja de secos e molhados foi perdendo espaço para o mercado. Foi quando montamos a loja de ferragem e isso nos trouxe tudo o que a gente tem. Graças a um trabalho honesto, chegamos à quarta geração da família administrando a loja”, disse.
Sempre em defesa da modernidade, da inovação e da busca por novas empresas, foi presidente da ACV entre 1979 a 1980. “Sou muito realizado comercialmente e socialmente com grandes amigos. Tudo o que você imagina em Votuporanga eu estive dentro, Santa Casa, Unifev, ACV, Rotary... Fui voluntário em muitos grupos. Eu me apresentava, porque queria estar ali à disposição para ajudar. Me sinto feliz demais por ter essa vida que eu tive e por ter participado tão ativamente da evolução de Votuporanga”.
O antigo comerciante deu ainda conselhos aos empresários. “Tudo é questão de acreditar. Nós não podemos ter medo de concorrência. Precisamos estar sempre empenhados em crescer, seja nos empregos ou nas indústrias. O comércio tem que estar bonito, ser sempre remodelado. Se seu comércio tem muito tempo, você precisa modernizar”, afirmou.
Nascido em Nova Granada, Manoel Anzai recebeu o Título de Cidadão Votuporanguense e colaborou com a construção do Marco Zero de Votuporanga na praça da Matriz.