Franclin Duarte 
franclin@acidadevotuporanga.com.br 

Quem vê hoje o sorriso de Agnaldo Oliveira de Faria, de 46 anos, nem imagina o sofrimento e a luta que ele travou por mais de dois anos. Essa semana ele enfim concluiu o tratamento para a colocação de uma prótese dentária (dentadura) e fez questão de agradecer o que para ele foi uma grande conquista. 

Para relembrar, Agnaldo é morador do bairro Estação, zona Sul de Votuporanga, e, sem emprego formal, trabalha recolhendo reciclagem.  Em meados de 2018 ele perdeu os dentes por causa de uma doença e desde então entrou na “fila” por uma prótese dentária da rede pública, que parecia interminável. 

“Tenho que comer de pouquinho em pouquinho e só caldo. Meus dentes estavam ficando mole, então fui no postinho e eles arrancaram, mas se eu soubesse que ia demorar tanto eu não teria feito isso. Devem estar passando gente na minha frente, não é possível demorar tanto, na época não tinha nem pandemia nem nada”, disse ele à época. 

Além de não conseguir comer a situação também estava mexendo com sua autoestima. Agnaldo tinha vergonha de sair de casa, já não tinha motivação para se arrumar e nem para conversar, o que dificultou ainda mais a sua procura por um emprego. 

A solução 

O A Cidade procurou então a Prefeitura de Votuporanga para saber se a demora é comum e se havia alguma previsão para a solução do caso de Agnaldo. Em nota a administração municipal se limitou a informar que, devido à pandemia, os atendimentos odontológicos foram reduzidos e adaptados de acordo com os protocolos de proteção contra a Covid-19 e, com isso, o número de próteses caiu de 1.027, em 2019, para 71, neste ano. 

Um dia depois da publicação da reportagem, no entanto, uma agente de saúde representando o Consultório Municipal em que frequenta no bairro Estação, foi até a sua casa para comunicar, os próximos passos para que sua prótese fosse implantada. Ele foi encaminhado para atendimento na semana seguinte e, com isso, a espera agora terminou. 

“Quero agradecer vocês por ter nos ajudado com a prótese do meu esposo. Se não fosse vocês ele estaria até hoje esperando, muito obrigada”, disse Patrícia Faria. 

Agora Agnaldo não para mais em casa. Desde que conseguiu os novos dentes fica o dia inteiro para rua distribuindo currículos e procurando um emprego fixo.