Entre idas e vindas, já são mais de 60 dias paradas e, pior, sem previsão para reabertura; “precisamos trabalhar”, relataram
Danielle Motta, Janaina Marques e Jessica Gonçalves clamam pela abertura dos salões de beleza (Foto: Arquivo Pessoal)
Daniel Castro
daniel@acidadevotuporanga.com.br
Sem poder trabalhar, as proprietárias de salões de beleza de Votuporanga não sabem mais o que fazer para manter as contas pagas. Entre idas e vindas, já são mais de 60 dias paradas e sem previsão para reabertura.
A cabelereira Danielle Motta, 24 anos, tem um salão no Patrimônio Novo e não entende o motivo da não-flexibilização para abertura dos salões. “Somos profissionais que dependemos da nossa mão de obra pra ganhar dinheiro, assim como dentistas, fisioterapeutas, esteticista, etc., que têm contato direto com o cliente. Com a proibição ficamos sem ganho nenhum, não conseguimos fazer trabalhos on-line e nem entregar um corte de cabelo pelo correio. Se continuarmos proibidos de trabalhar, entraremos em falência total. Já não dá mais pra sustentar as despesas fixas”, reclamou.
Por conta da situação, ela precisou dispensar uma freelancer. Tudo o que está acontecendo tem deixado a profissional revoltada. “Por que a maioria dos comércios está atendendo com as medidas necessárias contra o Covid-19 e até mesmo sem controle de entradas de pessoas, e nós salões de belezas não podemos trabalhar?”, questionou.
Para Danielle, os salões deveriam abrir, já que conseguem atender por horários marcados, uma cliente por vez, têm o controle de quem entra e sai, sabem até se a pessoa está gripada ou não. “Acho injusto, pois nosso trabalho também é essencial em questões de higiene, já que o salão não envolve só cabelo. Não consigo entender porque não entramos ainda no decreto de flexibilização. Se as normas de proteção deram certo no mercado onde tem um fluxo em torno de 5 mil pessoas diariamente, por que não permitir os demais comércios que permanecem de portas fechadas?”.
Sem aglomeração
O salão da cabelereira Jessica Gonçalves, 31 anos, fica na Vila Marin. “A maior dificuldade são as contas vencendo, e não termos dinheiro pra pagar”, relatou. Em meio à pandemia, a profissional já precisou até devolver um ponto onde trabalhava. Ela não vê a hora de voltar a fazer o que gosta e ganhar seu sustento. “Na minha opinião, o lugar que tem menos aglomeração são os salões e barbearias, eu acho um absurdo vários lugares funcionando e a gente de braços cruzados sem poder trabalha”, disse, indignada.
Contas em dia
Manter as contas em dia também foi um dos grandes desafios relatados pela cabelereira Janaina Marques, 27 anos, que um salão no centro da cidade. “Temos que pagar aluguel, água, luz e fornecedores, que também precisam de receber. Mas estamos sem trabalhar, somente recebendo o valor de R$ 600 do auxílio do governo”, contou.
Duas famílias dependem exclusivamente da renda do estabelecimento, portanto a situação não é nada fácil. Assim como suas colegas de profissão, ela credita que os salões são mais seguros que outros tipos de comércios, já que podem agendar apenas um cliente por vez e com um espaço de tempo entre a troca de pessoas para poder higienizar cadeiras e aparelhos. “Desde antes da pandemia já era obrigatório o uso individual de utensílios como luvas, capas, toalhas, máscaras, higienização com álcool 70, sempre foi um critério para limpeza do salão. Com o início da quarentena só fizemos valer ainda mais o uso obrigatório de EPIs. Não vejo problema em trabalhar se estivermos seguindo as normas exigidas”, disse.