Uma semana após decreto que autorizou a retomada da economia, comerciantes começam a respirar
Mesmo em meio período e com vendas bem inferiores em relação ao mesmo período do ano passado, poder voltar a atender já trouxe ânimo e boas perspectivas. (Foto: A Cidade)
Franclin Duarte
franclin@acidadevotuporanga.com.br
Uma semana depois do decreto que autorizou a retomada da economia em Votuporanga, conforme a fase laranja do Plano São Paulo, os comerciantes da cidade comemoram o alento depois de quase três meses de inatividade. Mesmo em meio período e com vendas bem inferiores em relação ao mesmo período do ano passado, poder voltar a atender já trouxe ânimo e boas perspectivas.
Com medida de segurança e criatividade, os empresários têm atraído os consumidores e aos poucos fazendo a engrenagem da economia voltar a girar. De forma responsável, agora eles esperam que a cidade não retroceda.
“Apesar do horário reduzido de apenas quatro horas, que para mim é um ponto negativo, pois se expandimos o horário o volume de pessoas na rua fica menor, a reabertura foi boa para todos nós. Espero que não volte para a bandeira vermelha e não feche novamente o comércio. Essa é a esperança do comerciante, porque já estamos sofrendo a mais de 80 dias e muitos comerciantes fecharam as portas e muitos não estão aguentando. Agora é um recomeço para todos nós”, disse Christian Nakabashi, responsável pela loja Unika.
Janete Soares de Lima, comerciante há mais de 30 anos, disse que nunca passou por um momento semelhante e que a reabertura foi boa até para o lado emocional dos empresários que injustamente chegaram a ser apontados como os responsáveis pela transmissão da doença.
“Quando flexibilizava a abertura por algum tempo ou por meia porta, nós fomos muito criticados porque o comércio estava aberto, então chegou um momento que a gente até sentia que era a gente que estava transmitindo o vírus e isso é péssimo. A autoestima da gente vai lá em baixo, fora os problemas financeiros que a gente está. Então essa abertura mesmo que por pouco tempo, para a gente é muito bom. Claro que não chega nem aos pés do nosso movimento, mas acredito que isso vai se estabilizar”, completou ela que comanda a Kactus Moda e Acessórios.
Comerciante há mais de 20 anos, João Batista Gomes, da Tubarão Confecções, classificou a retomada como muito positiva, porém acredita que seria importante ampliar o horário de atendimento, não apenas pelo fator econômico, mas sim no aspecto de segurança.
“Acho muito importante essa abertura do comércio que ajuda a manter a economia do município e continua mantendo os empregos que são muito importantes para todos. O ponto negativo que acho é o horário muito reduzido de abertura, pois isso faz que se concentre mais pessoas em um período muito curto. Importante seria que fosse aberto integralmente. Acredito que essa retomada está sendo muito importante e deve continuar para que consigamos sair dessa pandemia com maior segurança e com a economia girando”, afirmou o empresário.
Por outro lado, Edson Pereira, da Casa das Blusas, afirmou que a retomado foi importante, porém não enxerga uma recuperação da economia a curto prazo diante dos grandes prejuízos que os comerciantes tiveram.
“A retomada foi muito boa, porém, deveria ter sido feita antes. Nós acumulamos dívidas e eu por exemplo não tive nenhum desconto em aluguel, água, luz, tarifa bancária e escritório, continua a mesma coisa. O prejuízo foi real e grande e vai ser muito difícil recuperar isso agora. Tive que dispensar funcionários e acredito que o giro de dinheiro no comércio será menor. Antes já estava um tanto difícil, agora se tornou bem mais. Não sei o que pode ser feito. Acredito que vai demorar muito para recuperar”, lamentou.
Ana Carolina Garcia De Maceno, da Anjos e Marmanjos, também enxergou com otimismo a reabertura, contudo acredita que a medida deveria valer para todos. “Ou fecha para todos ou abre para todos. Se abrir, lógico que com todo cuidado, a rigidez com a fila, quantidade de pessoas dentro das lojas. Devagar vamos retomando desde que todos tenham consciência que o vírus existe, temos que tomar cuidados, mas não podemos parar”, disse.
Por fim, Divaldo Martins, da Sapato e CIA, classificou a redução do horário como positiva diante do quadro e pediu para que os consumidores tenham consciência para que tudo volte ao normal o mais breve possível.
“O tempo de flexibilização para os comerciantes é um tempo bom para fazer as compras necessárias. Os pontos negativos são poucos, entre eles está o cuidado que os clientes precisam ter nas compras presenciais com o protocolo para prevenção exigido. Isso a gente tem visto que é um ponto forte e importante para melhorar a retomada. A população tem que entender que não dá para abrir o comércio da forma integral e segura, então precisamos ser conscientes, respeitando o distanciamento que é imposto e tudo que é colocado”, concluiu.
A retomada ainda é gradual. Se por um lado os empresários varejistas celebram, os proprietários de restaurantes, bares, lanchonetes, academias, salões de beleza e barbearias clamam para voltar ao trabalho.