Água empoçada, e vários “borrachudos” estão na galeria de problemas da obra milionária recém-inaugurada pela Prefeitura
A obra de mais de R$ 1 m já começou a ser remendada antes mesmo da primeira chuva forte (A Cidade)
Franclin Duarte
franclin@acidadevotuporanga.com.br
Entregue no último dia 8, sem cerimônia em razão da pandemia do coronavírus, as obras antienchente da rua Ceará já tiveram que ser “remendadas”. Orçado em mais de R$ 1 milhão, o serviço, que demorou oito meses para ser concluído, já apresenta vários problemas antes mesmo da primeira chuva forte na cidade.
A obra, que constava no plano de governo do prefeito João Dado, foi lançada em agosto do ano passado, com previsão de conclusão em 150 dias. Marcada por atrasos e transtornos – inclusive com um caminhão quase sendo engolido em um trecho que cedeu durante a obra –, ela foi realizada com recursos da Saev Ambiental (Superintendência de Água, Esgoto e Meio Ambiente de Votuporanga) e executada pela empresa “Dias Araçatuba Construções e Logística LTDA – EPP”.
Mas o que era para ser a realização de um sonho de mais de 45 anos para os moradores da região, já começou a ser convertido em pequenos pesadelos. É o caso de um munícipe que chegou a gravar um vídeo e enviar para o vereador Osmair Ferrari (PSDB). Revoltado, nas imagens ele diz que está cansado de pedir para a Prefeitura e vai resolver por conta própria o problema.
“Ninguém toma providência, ninguém faz nada. A água fica acumulada aqui e eu não vou mais aguardar a Prefeitura, não vou mais me desgastar com ninguém. Vou simplesmente executar esse serviço, vou pegar um rompedor e vou quebrar essa guia e fazer ela um pouco mais rebaixada, jogando dentro da boca de lobo. Já que ninguém resolveu nada, o morador vai fazer. Impossível aguentar o mau-cheiro dessa água parada aqui”, disse o morador na filmagem.
O caso foi levado pelo vereador à Tribuna da Câmara Municipal e encaminhado à Prefeitura por meio de um ofício, mas nenhuma providência foi tomada e tampouco o parlamentar respondido.
A reportagem também esteve no local da obra e constatou diversos “remendos” no asfalto. A má compactação do solo deixou a vista os conhecidos “borrachudos”.
O
A Cidade entrou em contato com a Prefeitura para saber mais detalhes sobre os problemas já enfrentados por moradores da região na obra recém-inaugurada. Até o fechamento desta edição, no entanto, o jornal não obteve retorno por conta de uma decisão do prefeito que sinalizou, através de sua assessora de imprensa, que não responderá mais solicitações deste veículo de comunicação.
A obra
A obra, segundo a Prefeitura, contemplou a instalação de galerias de águas pluviais em trechos da rua das Bandeiras, avenida Antônio Augusto Paes e rua Ceará. A rua Sergipe, entre a Ceará e a Paraíba, também contou com melhorias da malha asfáltica para complementar os trabalhos.
De acordo com o projeto, cerca de 460 metros de tubulação do tipo PEAD (polietileno de alta densidade) foram utilizados na obra. A instalação seguiu em linha dupla com capacidade de escoamento da água de 7m³ por segundo.
O material é considerado moderno e mais resistente a corrosão, com baixa rugosidade que proporciona maior capacidade de vazão. É a primeira vez que ele foi utilizado em galerias de águas pluviais em Votuporanga. Mais leves e flexíveis que os tubos comuns, os tubos de polietileno de alta densidade (PEAD) ainda possuem longa vida útil e excelentes características hidráulicas.