O discurso chamou bastante atenção durante a inauguração da sede da Caef e da CPMA, na tarde de anteontem
O juiz Sergio Martins Barbatto Junior, titular da 5ª Vara de Votuporanga, falou sobre a paixão pelos Direitos Humanos
Daniel Castro
daniel@acidadevotuporanga.com.br
Um discurso que chamou bastante atenção durante a inauguração da sede da Central de Atenção ao Egresso e Família (Caef) e da Central de Penas e Medidas Alternativas (CPMA), na tarde de anteontem, foi o do juiz Sergio Martins Barbatto Junior, titular da 5ª Vara de Votuporanga. O magistrado falou sobre sua paixão pelos direitos humanos e garantiu que da mesma forma que pune um criminoso, o ajudará após o cumprimento da pena.
Sérgio observou que algumas pessoas não entendem o motivo dele apoiar tanto o Caef e os direitos humanos, e explicou os motivo: “primeiro, que é uma paixão mesmo que tenho, eu gosto de estudar direitos humanos, tenho uma formação voltada para a área”. O que definiu isso na vida do juiz foi a história, que ele sempre carrega consigo. É sobre um rapaz negro, que passou 27 anos preso, sofreu demais na prisão, foi obrigado a fazer trabalho forçado e quase ficou cego na cadeia. “Ele teve muita dificuldade na inserção e foi rotulado como violento pelo estado. No dia da sua soltura, os carros que o levaram para fora do presídio foram apedrejados, e ele foi chamado de cão sarnento e, inclusive, de terrorista”. “Ele saiu da prisão para se tornar presidente da África do Sul por dois mandatos seguidos e se tornou o maior líder político do mundo, que é Nelson Mandela”, destacou.
O juiz explicou que Mandela representa para ele uma luta muito importante, que é a luta pelo ser humano, que vai muito além da luta pelo estereótipo. “Nós quebramos o estereótipo e entendemos que as pessoas são extremamente complexas. Algumas erram e acertam na vida, e pagar pelos erros faz parte”, disse.
O foco do trabalho do Caef, destacou o magistrado, não está em punir e penalizar a pessoa por algo que ela já cumpriu a pena. Segundo o juiz, o objetivo do órgão é reerguer um cidadão que muitas vezes foi agredido ou estuprado em um presídio. A intenção é trazer a família para junto dessa pessoa e a própria ideia de dignidade. “O meu foco é no ser humano. Se eu tiver que punir, eu vou fazer. Mas essa mesma pessoa, quando ela sair, eu vou estar aqui para ajudá-la depois que ela cumprir a pena”, falou.
Sérgio frisou que não é uma questão pessoal, mas sim de dedicação ao ser humano. Ele ressaltou que não será leniente com criminosos, porém sabe que esses criminosos são circunstanciais e seres humanos. “Ao cumprir a pena deles, os mesmo juiz que condenou estará aqui para ajudá-lo, desde que ele queira”, falou.
Na inauguração, o juiz agradeceu o apoio que o prefeito João Dado e tudo o que o chefe do Executivo faz pela Secretaria de Direitos Humanos, pelo Caef e também pela abertura que dá para o diálogo com o judiciário.